Em entrevista à imprensa, na tarde desta quarta-feira, o governador Eduardo Leite disse que ‘respeita’ a posição de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), mas ressaltou que a economia gaúcha não pode suportar indefinidamente as restrições geradas pelo novo coronavírus. Entidade científica que vem realizando sondagens sobre os níveis de contaminação dos gaúchos pela pandemia de Covid-19, o comitê de acompanhamento criado pela universidade se posicionou contrário às medidas de flexibilização, em nota divulgada nessa terça.
“O melhor seria que as pessoas não saíssem de casa nunca. Precisamos saber conviver com a atividade econômica ativa e o coronavírus”, resumiu Leite. O governador confirmou, ainda, que o modelo de isolamento controlado já deve valer a partir de 1º de maio.
No texto, o comitê citou cenários possíveis utilizando Pelotas como exemplo, a partir dos diferentes níveis de isolamento social. Destacou, ainda, as condições enumeradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o relaxamento, deixando claro que as recomendações não foram atingidas nas esferas municipal, estadual e federal.
Em entrevista para o Esfera Pública de hoje, o pró-reitor de Assuntos Estudantis e presidente do Comitê Interno da UFPel, Mário Renato de Azevedo Junior, confirmou o posicionamento. “Claro que a decisão do governador também é política, mas nosso posicionamento é esse. Sabemos que o cenário vai piorar nos próximos meses”, destacou.
Máscaras: descartada obrigatoriedade
Outra informação importante da coletiva de hoje é a que não vai haver obrigatoriedade de uso de máscaras pela população no Rio Grande do Sul. É uma indicação, mas Leite ressaltou que não pode obrigar as pessoas a comprarem um item que está em falta no mercado. Esse, por sinal, é o posicionamento do prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Jr..
Modelo de isolamento em construção
Em fase final de elaboração, o modelo de isolamento controlado prevê a necessidade de diagnóstico de cada região do Rio Grande do Sul, considerando o nível de transmissão viral e a capacidade do sistema de saúde. O sistema se baseia no uso de cores (verde, amarelo, laranja e vermelha), determinando o risco em cada região. A bandeira verde indica uma maior flexibilização de medidas e a vermelha, a necessidade de uma maior restrição.
Municípios com baixa capacidade de hospitais e alto nível de disseminação terão classificação com bandeira vermelha, o que vai exigir algumas restrições. Naqueles casos de média transmissão do vírus e média capacidade de acolhimento hospitalar, o modelo vai aplicar bandeira laranja.
A secretária da Saúde, Arita Bergmann, destacou que a verificação da rede instalada, número de leitos, contingente populacional e número de casos e óbitos em decorrência do Covid-19 serão determinantes para o estabelecimento de restrições ou flexibilizações do funcionamento de serviços e comércio.
O mapa de UTIs indica hoje cerca de 900 pacientes em leitos de UTI adulto, cerca de 7% confirmadamente infectados pelo novo coronavírus. A partir de agora, a Secretaria Estadual da Saúde passou a informar, também, o número do pacientes em recuperação. Enquanto 257 pessoas seguem em tratamento, 639 já se curaram da doença, de um total de 923, até a metade da tarde de hoje.