Guedes: PIB pode recuar até 4% se isolamento seguir além de julho

Durante videoconferência, senadores questionaram ministro da Economia a respeito da duração e dos impactos da Covid-19

Foto: Wilson Dias / Agência Brasil / Divulgação

Em videoconferência com senadores na última quinta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, citou a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuar até 4% em 2020, publicou hoje o jornal O Estado de S.Paulo. Isso pode ocorrer, na avaliação do ministro, se a paralisia provocada pela pandemia do novo coronavírus se estender, após julho, por mais três ou quatro meses.

Durante a conversa, senadores questionaram Guedes seguidamente a respeito da duração e dos impactos da Covid-19 sobre o PIB. O ministro lembrou que, na atual conjuntura, é difícil estimar até quando dura o isolamento social, que trava a economia, e mesmo todo o impacto sobre a atividade. De acordo com autoridades sanitárias, incluindo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa é ainda a melhor forma de evitar a propagação do novo coronavírus.

Guedes reconheceu, conforme a fonte, que o PIB pode recuar 1,5%, se o isolamento não durar tanto, ou cair 4,0%, se a paralisia econômica se estender além de julho.

Tanto o Ministério da Economia quanto o Banco Central vêm citando a dificuldade de se estimar com precisão, neste momento, qual vai ser, de fato, o impacto da pandemia sobre o PIB. Em documentos oficiais mais recentes, os dois órgãos do governo citaram projeção de PIB zero em 2020. Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já reconheceu publicamente que a estimativa está defasada e que a economia deve recuar.

No Relatório de Mercado Focus do BC, que compila as projeções das instituições financeiras, a estimativa para 2020 é de retração de 1,18%. No entanto, já há pelo menos uma instituição financeira que projeta retração de 5,07% do PIB – um cenário mais pessimista que o citado pelo próprio Guedes na conversa com os senadores.