Vendas para a Páscoa devem ter queda de 30% a 40% no RS

Fechamento do comércio, devido ao avanço do coronavírus, deve impactar setor varejista

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

O fechamento do comércio, determinado pelo decreto do governador Eduardo Leite, e a menor circulação de pessoas nas ruas, a fim de combater o avanço do novo coronavírus, vai derrubar as vendas de Páscoa entre 30% e 40% em relação à estimativa inicial. O panorama preocupa entidades do setor varejista.

Segundo o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, o cenário pré-Covid-19 era positivo. “O comerciante precisa se preparar com antecedência para datas especiais como esta e vinha fazendo, assim como a indústria que fabrica os chocolates. Mas, atualmente, mesmo com os supermercados abertos, a prioridade das pessoas é comprar comida”, disse.

Kruse identifica o contexto como “uma catástrofe para o mercado”. “Com certeza, as empresas sentirão. Não temos expectativas boas até porque os clientes não terão tempo para sair e fazer compras porque o foco, agora, é outro”, completou.

Empresária do ramo, Viviane Goulart se disse “apavorada” com o momento. “Além de loja física, também fabricamos chocolate, e a Páscoa costuma ser a nossa safra. Se trabalha o ano todo pensando na data e em ter lucro. Nos preocupamos com a saúde de todos, mas a nossa preocupação financeira e mental é muito grande”, revelou.

Inicialmente, para atender, a produção prevista era de 3,6 mil quilos de chocolate. “Temos 2,5 mil quilos prontos e o nosso pavor, agora, é vender”, contou. Ela buscou alternativas virtuais, como ampliar o e-commerce que já desenvolvia no site e o atendimento via WhatsApp, além de entregas via iFood.

Entidade representante de um segmento que não vai fechar as portas, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) prefere não se pronunciar sobre a expectativa em números para a Páscoa. “Nossa preocupação no momento é com o abastecimento de itens de necessidade básica aos gaúchos. Quaisquer planejamentos e projeções sobre a Páscoa ficaram totalmente em segundo plano”, cita, em nota.

Campanha até junho

Devido à pandemia, chocolateiras artesanais, chefs, fabricantes e profissionais do setor criaram a campanha “Páscoa Até Junho” para que a tradicional entrega dos ovos ocorra no domingo, 14 de junho, no feriado que celebra o Corpus Christi.

De acordo com Adriana Kauer, comerciante e presidente da associação de lojistas do Mercado Público, essa é uma forma de fazer com que as pessoas estendam a comemoração para um período em que, provavelmente, a pandemia já esteja em curva descendente.

“Todos estamos muito preocupados com a economia e, também, com os prejuízos que teremos por causa desse problema. No entanto, estamos buscando soluções para amenizar as perdas de uma forma criativa. Se conseguirmos que um grande número de empresas se mobilizem para isso, fica mais fácil recuperar o que investimos até agora”, revelou.

A data representa, só nas fábricas, um aumento de aproximadamente 16% de mão de obra no período, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Amendoim e Balas (Abicab).

A Abicab publicou que a indústria brasileira de chocolates gerou 14 mil vagas diretas e indiretas para atender apenas o período de Páscoa de 2020, já que o setor planeja a data com 18 meses de antecedência, contratando no setembro anterior.