Apesar das críticas recebidas nos últimos dias pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, descartou pedir demissão do cargo, em meio à crise de Covid-19. Ao fim da entrevista coletiva sobre o avanço da doença no país, ele traçou uma analogia salientando que o médico assume um compromisso com o paciente e que “o paciente, agora, é o Brasil”.
Mandetta disse ter recebido as críticas do Planalto com naturalidade e que todos “estão preocupados e dispostos” a encontrar uma solução para a situação, ainda que com opiniões diferentes. “Eu vejo uma vontade muito grande de acertar, acharmos um caminho seguro”, contemporizou.
Mandetta acrescentou que vê com normalidade as diferenças de opinião sobre o “tratamento” a ser seguido pelo “paciente”. No entanto, frisou que mantém a opinião em prol do isolamento e citou o temor pelo colapso do sistema de saúde.
“Isso é um tratamento mais lento, que tem reflexos na economia. E nós somos sensíveis. É um efeito colateral do tratamento, principalmente para o brasileiro mais carente, e acho que é por esses que o presidente se movimenta”, argumentou ele, destacando as políticas sociais aprovadas pelo governo.
“Entendo empresários, entendo quem quer solução rápida. Saúde não é assim”, disse. “O caso agora é uma situação global que nos desafia a todos, do presidente da República até o mais humilde cidadão brasileiro”, seguiu. “Estamos todos preocupados.”
Passada a crise, tempo em que o ministro estima ser no segundo semestre, ele considerou, então, sair da esplanada: “Se depois que isso terminar, por qualquer uma das situações que for acontecer, talvez seja o caso de pensar um sistema de saúde em outro lugar”.
“Sigam as recomendações dos governadores”
Questionado sobre as manifestações convocadas para o próximo domingo, entretanto, o ministro voltou a bater de frente com o que vem sendo defendido pelo presidente – o fim do isolamento.
“Recomendamos a todas as pessoas que sigam as recomendações de seus governadores”, afirmou ele, ao fim de uma semana marcada por novos embates entre os gestores estaduais e o presidente.
Ele citou que “a história desta doença está sendo escrita pelas sociedades” e ressaltou o esforço de populações de alguns países em evitar que os sistemas de saúde superlotem. No encerramento, Mandetta pediu: “Fiquem em casa neste fim de semana”.