Denúncias de violência contra a mulher cresceram 9% em meio a pandemia

Aplicativo para smartphone também vai receber notificações de violência

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O isolamento social, recomendado pelo Ministério da Saúde e determinado pelos governos estaduais para conter o avanço da pandemia de coronavírus, deve aumentar os casos de violência doméstica contra a mulher no país. Foi o que disse hoje a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, a ministra afirmou que, de acordo com dados do Ligue 180, o volume de denúncias na semana passada cresceu 9%, na comparação com a semana anterior. Segundo ela, o aumento da violência é uma tendência mundial com mais gente permanecendo em casa.

“Nos preocupa muito a expectativa do aumento da violência contra a mulher, o que já aconteceu em outros países, especialmente os países da Europa”, disse.

Segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), a média diária entre os dias 1 e 16 de março ficou em 3.045 ligações recebidas e 829 denúncias registradas, contra 3.303 ligações recebidas e 978 denúncias registradas entre 17 e 25 do mesmo mês, um aumento de 8,47%.

Aplicativo para denúncia

Damares Alves também anunciou, durante a coletiva, o lançamento de um aplicativo de smartphone para o recebimento de denúncias, tanto do Disque 180, quanto do Disque 100.

A ideia, segundo a ministra, é enfrentar um dos fenômenos observados em outros países que também vivem o período de confinamento: com agressores e vítimas sob o mesmo teto 24 horas por dia, a busca por canais de denúncia via telefone tende a diminuir, uma vez que a pessoa agredida não consegue pedir ajuda reservadamente.

“Acreditamos que dessa forma, a pessoa mesmo dentro de casa, poderá ir para um cantinho, um banheiro, mesmo com o agressor dentro de casa, e fazer a sua denúncia”, afirmou Damares.

Batizado de Direitos Humanos BR, o aplicativo está disponível para os sistemas Android e IOS. Após fazer um breve cadastro, o denunciante pode registrar violências contra mulheres, crianças ou adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência e outros grupos vulneráveis. Há a opção de anexar arquivos, como fotos e vídeos, por exemplo.