MP recorre para reverter soltura de acusado de jogar ácido em mulheres, em Porto Alegre

Defesa alegou que cliente é hipertenso e que, por isso, integra grupo de risco para o coronavírus

Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

O Ministério Público recorreu, ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a fim de reverter a ordem de soltura de um homem que jogou ácido em pelo menos cinco mulheres, na zona Sul de Porto Alegre, em junho do ano passado. A defesa dele apresentou um laudo comprovando quadro de hipertensão, o que coloca o homem entre os grupos de risco para o novo coronavírus.

A 11ª Vara Criminal de Porto Alegre deu liberdade provisória a Wanderlei da Silva Camargo Júnior, que deixou a Cadeia Pública de Porto Alegre, na quarta-feira passada. A 9ª Promotoria de Justiça Criminal quer, agora, restabelecer a prisão preventiva do acusado.

A promotora Fernanda Dillenburg frisa que Camargo responde pela prática de crimes como lesões corporais graves e leves, ameaça, adulteração de sinal identificador de veículo automotor e furto. Além disso, sustenta que a liberdade dele representa “grande risco à sociedade”, já que os crimes foram praticados “de forma reiterada contra vítimas diversas e aleatórias, gerando sensação de insegurança”.

O MP também argumenta que a Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) e a Superintendência dos Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul (Susepe) editaram uma nota técnica com orientações sobre os procedimentos a serem adotados em caso de suspeita de contaminação pelo coronavírus no sistema prisional. Se um preso provisório ou condenado apresentar sintomas, deve ser encaminhado para espaço de isolamento, preferencialmente em enfermaria, e não posto em liberdade.

O MP reitera, ainda, que o teste ergométrico apresentado pela defesa, apontando que o cliente é hipertenso, é do ano de 2011. A promotora argumenta que o acusado é jovem e vem recebendo tratamento médico adequado e contínuo nas dependências da prisão, além de não apresentar sintomas de Covid-19.

Relembre

Preso em 7 de outubro do ano passado em Curitiba, onde vivia, Camargo confessou que os crimes foram cometidos para assustar a ex-esposa, que reside e trabalha na zona Sul de Porto Alegre. A intenção era convencer a mulher a se mudar para o Paraná e retomar o relacionamento amoroso.

Segundo as investigações, entre 10 e 21 de junho, na rua São Lázaro, em Sapucaia do Sul, Camargo Júnior furtou um par de placas de um veículo estacionado. Em seguida, retornou a Porto Alegre e colocou-as em um automóvel alugado com o objetivo de encobrir a autoria dos crimes.

A primeira vítima sofreu o ataque na noite de 19 de junho, no bairro Nonoai. De bicicleta, ele abordou a mulher com uma garrafa pet em mãos. Na sequência, dirigiu-se a ela dizendo “olha a água” e arremessando o ácido. O líquido atingiu a vítima no rosto, pescoço e ombro.

No do dia 21, o denunciado passou a utilizar o automóvel alugado para provocar as lesões em outras quatro pedestres. Já no dia 25 de junho, ameaçou por escrito outra vítima, com um bilhete jogado para dentro do pátio dela, junto com uma pedra. A intenção, segundo o próprio denunciado, era gerar na ex-esposa a sensação de que Porto Alegre é uma cidade insegura, a partir das notícias veiculadas na imprensa sobre os ataques.