Quatro entidades ligadas ao empresariado do Rio Grande do Sul lançaram notas contra o chamado isolamento horizontal, quando toda a população é recomendada a ficar em casa. Fiergs (indústria), Farsul (agronegócio) e Fecomércio publicaram um manifesto em conjunto em defesa da retomada das atividades econômicas. Já a Federasul, que reúne as entidades empresariais, fez um comunicado próprio.
Em comum, todas as entidades alertam para possíveis efeitos na economia gaúcha, como desabastecimento. “No curto prazo, corremos o risco da falta generalizada de produtos, desde o campo até as lojas”, afirma a nota da indústria, agro e comércio. As três instituições propõem o retorno gradativo das atividades econômicas, com isolamento apenas entre pessoas em grupos de risco. Fiergs, Farsul e Fecomércio ainda falam que as empresas devem voltar a operar com 50% de pessoal no dia 1º de abril e, com 100% no dia 6.
A Federasul, por sua vez, fala em “colapso” e pede um plano para garantir a retomada das atividades na primeira semana de abril. De acordo com a direção da entidade, “pela preservação da vida devemos repensar as estratégias de atuação antes que os recursos se esgotem”. A nota também recomenda o isolamento apenas para idosos e demais grupos de risco, sustentando que o restante das pessoas pode trabalhar, desde que respeite protocolos de segurança.
Proximidade com Bolsonaro, distante de especialistas
O posicionamento de Fiergs, Farsul, Fecomércio e Federasul vai ao encontro do proposto pelo presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento realizado na quarta-feira. No entanto, especialistas e associações da área da saúde alertam para o risco da flexibilização das normas.
O Conselho Nacional de Saúde reconhece o impacto na economia, mas pede prioridade às vidas. “Antes um país com potencial de retomada na economia após uma crise, que centenas ou milhares de pessoas mortas devido à irresponsabilidade de falas, posturas, posicionamentos e atitudes insensatas que atentam contra o bem estar social”, indicou em nota.
A Sociedade Brasileira de Infectologia segue caminho semelhante, preocupada com o impacto socioeconômico da pandemia. “Entretanto, do ponto de vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de transmissão comunitária (…) As medidas de maior ou menor restrição social vão depender da evolução da epidemia no Brasil e, nas próximas semanas, poderemos ter diferentes medidas para regiões que apresentem fases distantes da sua disseminação”, aduziu.