O Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) alertou, nesta quinta-feira, que o setor vai ter dificuldades para fazer o pagamento integral dos salários do mês de março. O problema ocorre porque, em decorrência dos decretos de isolamento da população, a maior parte dos passageiros deixou de usar o serviço.
“A situação do coronavírus afastou as pessoas do transporte público. Quem mais utiliza o ônibus está impossibilitado de circular ou com medo de usar os veículos para o seu deslocamento”, lamenta Alceu Machado, assessor jurídico do sindicato.
O número de passageiros caiu cerca de 80%. Os 20% que seguem usando o transporte, em maioria, são isentos de cobrança da passagem. O sindicato relata que, em algumas linhas, por exemplo, os veículos fazem as viagens sem nenhum passageiro a bordo do início ao fim.
A entidade também ressalta que manter esses trajetos é um desperdício de recursos e vai elevar o prejuízo dos consórcios ainda mais. Uma das medidas sugeridas para minimizar os efeitos da crise é a de um subsídio da Prefeitura para o pagamento de salários ou a isenção de tributos, como o ICMS, que é estadual, sobre os insumos do transporte coletivo.
De outro lado, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stepoa), Sandro Abbade, descarta a possibilidade de greve da categoria, mas defende mudanças para garantir o funcionamento do sistema.
“Afastamos a possibilidade de qualquer paralisação. Nós não temos condições de parar o que já está parado. A nossa responsabilidade é garantir o emprego de todos e seus direitos”, afirmou.
O Stepoa, em conjunto com as empresas privadas de transporte público, já agendaram uma reunião com o desembargador Francisco Rossal da Araújo, do Tribunal Regional do Trabalho da 4° região, para buscar uma solução para o problema.