Polícia Civil prevê aumento da violência doméstica em função do isolamento

Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, já havia feito alerta

Orientação é de que atendimento presencial ocorra somente em casos graves | Foto: Alina Souza / CP

A Polícia Civil prevê um aumento na demanda de atendimento de casos de violência doméstica durante o período de quarentena para o combate ao novo coronavírus no Rio Grande do Sul. A diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher e titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre, delegada Tatiana Bastos, lembrou que o fenômeno vem ocorrendo em outros países onde o isolamento se mostrou necessário.

Conforme a delegada, a tendência é de que o Rio Grande do Sul registre o mesmo aumento de casos de violência doméstica. Entretanto, ela explica que, no momento, é difícil verificar se houve ou não um crescimento de ocorrências, já que os registros vêm sendo feitos de forma online. Com isso, os dados só serão computados e avaliados no fim do mês.

Além disso, Tatiana salienta que, caso não haja o aumento previsto, vai ser necessário fazer uma análise e um estudo para entender o motivo. A delegada enfatiza, ainda, que uma possível queda nos números pode estar diretamente ligada à dificuldade de as mulheres de fazerem a denúncia, já que estarão 24h no mesmo ambiente do parceiro.

Tatiana garante que a Polícia Civil segue trabalhando com campanhas de combate à violência doméstica e divulgando os canais para denúncia: os telefones 190 (Brigada Militar) e 180 (Disque Denúncia).

A diretora esclarece que permanecem sendo adotadas as medidas protetivas nas ocorrências mais graves e urgentes. Ela orienta que, nos casos de crimes graves e estupro, existindo a necessidade de solicitação de medida protetiva, a vítima precisa comparecer pessoalmente à delegacia mais próxima. Nas demais situações, frisa, pode ser feita a ocorrência na Delegacia Online.

Já a Brigada Militar informou que as patrulhas Maria da Penha seguem atuando depois das medidas protetivas serem deferidas pelo Poder Judiciário. A coordenadora estadual das Patrulhas Maria da Penha, major Karine Soares Brum, disse que não houve nenhuma mudança em função do coronavírus e lembrou que, mesmo com as delegacias fechadas e os registros de ocorrências sendo feitos de forma online, a Brigada Militar segue atuando e dando suporte às mulheres que sofrem violência.

“Qualquer mulher que se encontra em uma situação de violência pode ligar para o 190”, reiterou.

Os dados dos registros de Boletim de Ocorrência que forem realizados, no mês de março, de violência doméstica, serão analisados no fim do mês pela Polícia Civil e Brigada Militar e só devem ser divulgados na primeira quinzena de abril.

Ministra emitiu alerta

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, usou as redes sociais para fazer um alerta de que o período de isolamento durante a pandemia do novo coronavírus pode causar o aumento da incidência de violência doméstica no Brasil.

No Twitter, ela pediu ajuda para divulgar o Ligue 180 (para violações contra mulheres) e o Disque 100 (para casos que envolvem crianças e idosos). Segundo a pasta comandada por Damares, 90% dos casos de violência ocorrem no local onde as vítimas residem.

*Com informações do Correio do Povo