Contrariando Bolsonaro, governadores defendem manter isolamento contra coronavírus

Em videoconferência, chefes de Executivos estaduais pediram apoio do Congresso. Presidente da Câmara Rodrigo Maia, participou da reunião virtual

Reunião ocorreu por meio de videoconferência nesta quarta-feira | Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação / CP

Em reunião virtual, sem a presença do presidente Jair Bolsonaro, 26 governadores discutiram, hoje, soluções conjuntas com o objetivo de minimizar os efeitos sanitários e econômicos da pandemia de coronavírus no país. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), se integrou à videoconferência. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, não participou.

Os gestores estaduais reiteraram a convicção de que as medidas de isolamento social adotadas na maioria das regiões são necessárias para reduzir a disseminação do vírus a fim de diminuir o contágio e, consequentemente, evitar o colapso no sistema de saúde, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apenas o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), relativizou as medidas restritivas, conforme apurou o jornal O Estado de S.Paulo.

“O fórum é importante para que demonstremos unidade no enfrentamento ao coronavírus e a outros temas de interesse comum. As demandas apontadas pelos governadores em relação ao governo federal são vitais para que possamos encarar os desafios sanitários e econômicos que se apresentam. Essa coordenação de esforços, com serenidade e ponderação, resulta em benefícios aos brasileiros”, avaliou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

João Dória (PSDB), de São Paulo, que pela manhã se desentendeu com o presidente Jair Bolsonaro, também durante um encontro online, comandou a videoconferência. Em função do embate entre os chefes de Executivo, Leite pediu que os gestores tenham cuidado caso o Planalto resolva responsabilizar os governos estaduais pela queda dos índices econômicos devido à pandemia.

“É importante lembrar que o presidente simplesmente vive no conflito – a sua história e sua trajetória política foram sempre de confrontos e conflitos – e o que nós estamos observando agora é que os nossos esforços, se der tudo certo, vão garantir a saúde e a vida de muitos brasileiros, mas teremos um problema econômico. Me parece sugerir que, no final das contas, ele vai dizer que (o crescimento na gestão Bolsonaro) não foi tudo aquilo que se projetava porque tivemos problemas econômicos por conta das ações dos governadores”, ponderou.

Além desses pontos, a reunião debateu medidas no setor econômico, destacando o apelo por auxílio financeiro do governo federal. Entre elas, a coordenação, por parte da União, de programas que atendam aos trabalhadores autônomos, informais e às pessoas de baixa renda. Os governantes ainda redigiram uma carta pedindo apoio do Congresso Nacional.

Provocado, Rodrigo Maia garantiu que Congresso vai dar a atenção e a celeridade necessárias para isso. “Precisamos conseguir separar as medidas que são de curto, médio e longo prazos. No momento, a prioridade deve ser o curto prazo, garantindo emprego e renda para os mais pobres e condições para que os Estados sobrevivam a essa crise. Esse é o nosso foco e vamos fazer o possível para que obtenhamos avanços”, disse Maia.

A carta, a ser publicada nas próximas horas, também reitera pedidos anteriores, encaminhados ao governo federal em um documento em 19 de março, mas que ainda não foram totalmente atendidos pela União.

Em âmbito fiscal, os governadores pedem medidas como a suspensão do pagamento de dívidas e empréstimos com a União e bancos públicos federais e a imediata aprovação do Projeto de Lei Complementar 149/2019, conhecido como Plano Mansueto, que implementa um novo programa de auxílio financeiro aos entes da Federação.

Com informações da Agência Estado