O Ministério da Saúde quer ter à disposição da rede pública em todo o país 22,9 milhões de testes para diagnóstico de covid-19, informou nesta terça-feira o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira.
O anúncio ocorre após uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que países aumentem a capacidade de testagem do coronavírus como forma de conter o avanço da pandemia.
“Possivelmente, o Brasil deva ser um dos países que vai ter o maior número de casos, porque nós vamos testar muita gente, e a nossa letalidade vai ficar mais próxima do real”, afirmou o secretário, ao falar que a Pasta prevê também testes em “postos volantes”, localizados em praças e outros pontos de concentração com mais de 500 mil habitantes.
Até a semana passada, o Ministério da Saúde não via possibilidade de testar um grande número de pessoas porque, além de não haver kits para isso, o ministro, Luiz Henrique Mandetta, defendia que o teste não tinha efeito prático para casos leves, já que ainda não existe tratamento específico para a covid-19.
Na China, país que teve mais de 80 mil casos de covid-19 confirmados, cientistas estimaram que apenas 14% tenham sido diagnosticados em exames.
O governo já adquiriu 1 milhão desses testes, chamados de RT-PCR, sendo que 32,5 mil foram utilizados até o momento. O último lote chegou no fim de semana, tendo sido distribuído às unidades ontem.
No próximo dia 30, está prevista a entrega de mais 2 milhões de kits, todos produzidos pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. A Petrobras vai doar 600 mil testes, também até o fim do mês.
Os kits de RT-PCR são usados para diagnosticar casos graves internados e por amostragem de casos leves em unidades sentinela (500 postos de saúde e hospitais em todo o país), para monitoramento da epidemia.
Testes rápidos
Todos os exames feitos por RT-PCR requerem a coleta de uma amostra de secreção do paciente, com o uso de um swab (espécie de cotonete). O material é enviado ao laboratório, onde é colocado em máquinas.
Porém, o governo vai implantar a partir das próximas semanas, em esquema de avaliação, com testes rápidos, semelhantes aos de glicemia, com um furo na ponta do dedo. Inicialmente, eles serão aplicados em profissionais de saúde e segurança pública.
“O teste rápido fazemos em locais fora do laboratório, ele é mais simples, apesar de ter limitações. […] Demonstrando-se qualidade, em poucos dias teremos a capacidade de saber se também colocaremos esse teste para unidades de saúde, em áreas específicas. Mas isso é em uma segunda etapa”, afirmou Oliveira.
O secretário também ressaltou que o teste rápido só é capaz de identificar o vírus passados alguns dias desde o início da infecção, porque detecta os anticorpos produzidos pelo organismo.
A Fiocruz conseguiu comprar 3 milhões de testes rápidos na China, que devem chegar ao país até o fim do mês. A mineradora Vale também está importando 5 milhões de testes, sendo que 1 milhão chega na semana que vem.