Em rede nacional, Bolsonaro critica confinamento em massa e pede reabertura de escolas e do comércio

"Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada", disse o presidente da República

(Foto: Isac Nóbrega/PR)

Em pronunciamento no rádio e na TV na noite desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o novo coronavírus (covid-19) está sendo enfrentado e pediu calma à população. “Sem pânico ou histeria, como venho falando desde o princípio, venceremos o vírus e nos orgulharemos”, disse o presidente.

Bolsonaro afirmou que as autoridades devem evitar medidas como proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. “Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade”, destacou.

O presidente voltou a dizer que o grupo de risco para a doença é o das pessoas acima dos 60 anos de idade e que não há, por exemplo, a necessidade de fechamento de escolas, já que são raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos.

“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, questionou.

Segundo ele, 90% da população não vai ter qualquer manifestação da doença, caso se contamine, e a preocupação maior deve ser não transmitir o vírus, “em especial aos nossos queridos pais e avós”.

Sobre os trabalhos das equipes de saúde em todo o país, coordenadas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro confirmou que ocorreu um planejamento estratégico para manter um atendimento eficaz dos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS).

Jair Bolsonaro disse ainda acreditar na capacidade dos cientistas e pesquisadores para a cura da doença e falou que o governo recebeu notícias positivas sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Ele aproveitou o pronunciamento para agradecer quem está na linha de frente no combate ao novo coronavírus.

“Aproveito para render minha homenagem a todos os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, técnicos e colaboradores, que na linha de frente nos recebem nos hospitais, nos tratam e nos confortam.”

É a terceira vez que Bolsonaro se pronuncia em rede de rádio e TV em menos de um mês. Em 6 de março, ele disse que não havia motivo para “pânico” e que o momento era de união. No dia 12, recomendou o adiamento de manifestações pró-governo, previstas para o domingo seguinte (15), devido à recomendação para evitar aglomerações. Ele mesmo, porém, participou dos atos e cumprimentou apoiadores, contrariando orientações das autoridades de saúde.

Mandetta

Mais cedo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou, em entrevista coletiva, que as restrições impostas nos estados, como fechamento de comércio, são “péssimas”, inclusive para o setor de saúde.

Apesar de afirmar que não vai pedir aos governadores para afrouxarem as medidas, ele disse que alguns já percebem que aceleraram nas decisões e que vão precisar fazer ajustes.

Veja o pronunciamento: