Pela primeira vez, o Comitê Olímpico Internacional (COI) admite adiar a Olimpíada de Tóquio (Japão) – marcada, até o momento, para começar em 24 de julho – em função da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
Neste domingo, em nota oficial publicada após uma reunião de emergência do Conselho Executivo (por videoconferência), a entidade anunciou que vai iniciar uma “detalhada discussão” com o Comitê Organizador dos Jogos, autoridades japonesas, federações, detentores de direitos de transmissão do evento e patrocinadores, e que espera chegar a um consenso em, no máximo, quatro semanas.
“De um lado, há avanços significativos no Japão, onde as pessoas estão recebendo calorosamente o fogo olímpico. Isso pode fortalecer a confiança nos japoneses de que o COI pode, com certas restrições de segurança, organizar os Jogos no país respeitando os princípios de salvaguarda da saúde de todos os envolvidos. De outro, há um aumento dramático no número de casos da covid-19 em diferentes países e continentes. Isso nos levou a concluir que o COI precisa dar mais um passo no planejamento de seu cenário”, relatou a nota.
Segundo o Comitê, há detalhes que devem ser levados em conta na decisão de um adiamento, como as reservas feitas em hotéis, a necessidade de adaptar o calendário de pelo menos 33 modalidades. “Eu sei que essa situação sem precedentes deixa vocês (atletas) com muitas questões. Também sei que essa abordagem racional, talvez, não siga a linha das emoções que vocês estão passando. Nossa base de informação, hoje, é que uma decisão definitiva sobre a data da Olimpíada ainda é prematura”, admitiu o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, em carta também publicada no site da entidade.
O dirigente reforçou que a força-tarefa que vai discutir o futuro dos Jogos vai ser integrada, também, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele ainda descartou o cancelamento do evento.
A mudança de postura do COI, que vinha mantendo o início dos Jogos na data original, dá-se após uma semana de pressão de atletas e entidades olímpicas pelo mundo pedindo o adiamento. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) é um dos que se posiciona contrário à manutenção da abertura da Olimpíada em julho.
Paralimpíada
O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês), presidido pelo brasileiro Andrew Parsons, também se manifestou neste domingo. Em nota, o dirigente disse que a entidade “e, certamente, todo o movimento paralimpico”, apoia totalmente a decisão do COI de estudar o adiamento dos Jogos. A abertura da Paralimpíada, até o momento, segue mantida para 25 de agosto.
“A vida humana é mais importante que tudo. No momento, é vital que todos, incluindo atletas, fiquem em casa para evitar que se espalhe mais essa doença horrível que está impactando o mundo”, declarou Parsons.