O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertou que o Rio Grande do Sul é um dos estados que mais preocupa em relação ao novo coronavírus em função da grande concentração de idosos, de 75 anos, em média. A declaração ocorreu em entrevista coletiva nesta sexta-feira, em Brasília. Na oportunidade, o ministro citou o estado gaúcho para exemplificar que o governo federal não adota um plano único para conter o Covid-19 no país, mas trabalha de forma particular respeitando as especificidades de cada estado.
Segundo Mandetta, apesar de “estarmos todos no mesmo barco”, é impossível ter uma “receita de bolo” única para gerenciar a pandemia. Tanto o ministro, como o presidente Bolsonaro, criticaram decisões isoladas de alguns estados, como o fechamento das fronteiras interestaduais, por exemplo. A atitude, segundo Mandetta, prejudica o estado vizinho que precisa ter acesso a medicamentos, máscaras e outros itens. Já Bolsonaro se mostrou mais enfático: “Só falta declararem independência (sobre os governadores)”.
No Rio Grande do Sul, apenas nesta sexta-feira, dois casos de restrição local foram tomadas pelos governos municipais, chamando mais atenção. Em Esteio, na região Metropolitana de Porto Alegre, pessoas acima dos 60 anos foram proibidas de circularem pela cidade. O decreto, assinado hoje, abre exceções para saídas em farmácias, bancos, supermercados e postos de saúde. Em Capão da Canoa, o prefeito Amauri Germano bloqueou dez das 13 entradas para a cidade. A medida busca impedir a circulação de pessoas, em especial de turistas que vão à cidade litorânea gaúcha.
A comparação entre a propagação do Covid-19 no Brasil e na Itália é um ato falho, segundo o ministro. Isso porque, apesar do sistema de saúde italiano ser “organizado”, o país mantém grande população idosa.
“Colapso”
Após afirmar, na tarde de hoje, que o país pode entrar em “colapso” no fim de abril, Mandetta amenizou o discurso e afirmou que o Sistema Único de Saúde (SUS) comporta lidar com a pandemia no Brasil e, por isso, descarta qualquer tipo de “caos” na saúde.
“Nós temos 46 mil equipes de saúde na família. Nós temos muita força”, apontou. Como diferencial no enfrentando ao Covid-19, Mandetta destacou que o Brasil está apostando na criação e ampliação de leitos, o que possibilita que o “sistema infla e cresça”.
O ministro apostou grande otimismo na conscientização do “seu papel” da população brasileira no enfrentamento do Covid-19. “Sábado e domingo vai ser um grande teste de maturidade para a população”, disse.