Quanto mais casos confirmados no Brasil, mais dúvidas surgem em meio à pandemia do novo coronavírus. Uma delas, em especial, ainda não se esclareceu para parte das pessoas: quem afinal, deve usar as máscaras de proteção.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), pesquisas científicas demonstraram que o uso de máscaras faciais durante surtos de doenças virais, como a Covid-19, só se revelou eficaz para proteger os profissionais de saúde e reduzir o risco de pacientes doentes espalharem a doença.
De acordo com o infectologista da Santa Casa e professor de Medicina da Ulbra, Claudio Marcel Berdun Stadnik, é preciso que as pessoas esqueçam as máscaras e invistam na higienização das mãos.
“Notamos que muita gente está fazendo uso inadequado de máscaras e esquecendo de lavar as mãos, por exemplo, sendo que o que mais protege contra o vírus é justamente a higiene adequada”, explicou.
De acordo com Stadnik, o uso correto é o seguinte: a máscara cirúrgica, também conhecida como simples, aquela branca comum, deve ser utilizada somente por pessoas que tenham suspeita ou confirmação de diagnóstico pelo Covid-19.
Da mesma forma, quem precisa da máscara deve estar atento ao modo de uso correto. Para fazer a retirada, por exemplo, não se deve tocar na parte externa. “Deve-se pegar somente pelas cordas e retirar adequadamente. Pessoas sem treinamento para isso podem correr o risco de contaminar a própria mão no momento de mexer na máscara, então realmente não é uma coisa que nós indicamos”, assinalou.
Sobre a máscara respiratória, modelo N95/PFF2, essa só deve ser utilizada por profissionais da saúde que estejam em contato direto com pessoas doentes.
Ainda conforme Stadnick, a N95/PFF2 é mais grossa e, por conta disso, filtra partículas menores e dura mais que a cirúrgica. “É impossível guardar e reutilizar a máscara, porque o vírus vai contaminá-la pelo lado externo e ali vai ficar um foco de contaminação para a pessoa, então as duas máscaras devem ser descartadas após o uso”, reiterou.
Com relação à N95/PFF2, o infectologista destacou que é preciso bom senso para que os estoques do produto não se esgotem. “Na Itália, por exemplo, as máscaras já terminaram. Isso é até perigoso. Se chegarmos ali na frente e não houver máscara para quando tivermos um número muito elevado de casos, isso vai trazer risco aos profissionais de saúde”, enfatizou.
Ainda de acordo com ele, a máscara cirúrgica, que é mais simples, dura por bem menos tempo: até 30 minutos. Com isso, para que ela seja eficaz, é preciso descartar o equipamento a cada meia hora. “Ela satura com a umidade, quanto mais a pessoa respira”, explicou.
* Com informações da repórter Jessica Hubler