Hospital São Lucas estuda fechar centro materno-infantil

Demanda pode ser transferida para o Hospital Presidente Vargas. Projeto já repercute entre médicos e estudantes

Foto: Bruno Todeschini / Divulgação

O Hospital São Lucas (HSL), da PUCRS, estuda a possibilidade de fechar o Centro Materno-Infantil que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Porto Alegre, com o Hospital Presidente Vargas assumindo a demanda. Funcionários do hospital foram comunicados da medida na manhã desta quinta-feira. O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) acompanha a situação.

O complexo abrange internação obstétrica, UTI neonatal, UTI pediátrica, internação pediátrica, emergência pediátrica, ambulatórios de atendimento obstétrico e pediátrico, além do centro cirúrgico. O local registra cerca de 300 partos por mês, além de ser utilizado para a formação de alunos da PUCRS nas áreas de pediatria e obstetrícia.

“É uma negociação que já está avançada e não tem paternidade. As pessoas que conversaram conosco não assumiram a ideia”, afirmou o presidente o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias. “Supostamente a situação financeira do Hospital São Lucas seria a principal argumentação.”

A Secretaria Municipal da Saúde confirmou a negociação. A pasta informou que está “em fase de renovação de contrato” junto ao Hospital São Lucas. “É natural neste momento alternativas serem estudadas”, complementou a Pasta, via assessoria de imprensa.

Por meio de nota, o hospital afirmou que passa por um momento de reposicionamento, mas não citou especificamente o fechamento do centro materno-infantil. A nota menciona que, quando concluídos, os projetos serão divulgados à comunidade: “As transformações, previstas para ocorrer em 2020, estão embasadas em estudos sólidos realizados nos últimos dois anos, com a participação de consultorias especializadas, contratadas pela entidade mantenedora do HSL. As iniciativas respondem aos indicadores que apontam transformações na demanda atual e futura da população na área de saúde, decorrentes da rápida mudança no perfil epidemiológico, fruto da inversão da pirâmide etária da população que é ainda mais acelerada no Rio Grande do Sul. Tão logo os projetos sejam finalizados, serão divulgadas com total transparência para a comunidade”.

Projeto já repercute

Já uma petição online criada por alunos da Escola de Medicina da PUCRS, nesta quinta-feira, contra o fechamento do centro, obteve mais de 4,7 mil assinaturas só nas primeiras horas de adesão. Os estudantes prometem fazer um ato nesta sexta, a partir das 8h.

Em paralelo, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs) emitiu nota de repúdio à possibilidade de encerramento das atividades da área materno-infantil no São Lucas. A entidade projeta que medida tenha resultado “imediato e catastrófico, repercutindo gravemente na assistência à população, aumentando a superlotação de maternidades, UTI neonatais e UTI pediátricas do estado do Rio Grande do Sul”.