Bolsa sobe com aposta em medidas para amenizar efeito do coronavírus

Ibovespa fecha em recuperação pelo 2° dia, a 106.625,41 pontos

O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo voltou a subir nesta segunda-feira (2), acompanhando a recuperação de ativos de risco no exterior, em meio a apostas de que bancos centrais tomarão medidas para amenizar o efeito do coronavírus na economia.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,36%, a 106.625,41 pontos, tendo alcançado 107.220,02 pontos na máxima da sessão. O volume financeiro totalizou R$ 32,5 bilhões.

A alta vem após o Ibovespa fechar fevereiro com queda de mais de 8%, com forte declínio na última semana do mês em razão da apreensão com a rápida disseminação do COVID-19 para vários países além da China, incluindo Estados Unidos. No Brasil, dois casos foram confirmados.

De acordo com o presidente da BGC Liquidez, Ermínio Lucci, a melhora nos mercados refletiu expectativas de que os bancos centrais do G7 vão, em algum momento, anunciar medidas de suporte às economias desenvolvidas, principalmente as autoridades monetárias dos Estados Unidos e União Europeia.

Após sinalizações do Federal Reserve na sexta-feira de que “usaria suas ferramentas e atuaria conforme apropriado para apoiar a economia”, o banco central do Japão prometeu nesta segunda-feira que tomará as medidas necessárias, assim como o Banco da Inglaterra.

“Mas há muita incerteza ainda sobre o impacto econômico global por conta do surto do coronavírus, com as discussões ainda focadas em se a recuperação após o primeiro trimestre, que será bastante afetado, será em V ou em U”, ponderou Lucci.

Ministros das Finanças dos países do G7 devem realizar uma teleconferência na terça-feira para debater medidas para lidar com o impacto econômico, disseram três fontes à Reuters, enquanto a OCDE alertou que o surto está encaminhando a economia mundial para sua maior retração desde a crise financeira global.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que o coronavírus está se espalhando muito mais rápido fora da China do que dentro do país atualmente, o que leva o mundo a um território desconhecido, embora avalie que o surto ainda pode ser contido.

Estratégias de renda variável para março compiladas pela Reuters sugerem expectativas de manutenção de volatilidade e cautela na bolsa brasileira em razão principalmente do efeito do surto de coronavírus na economia global, mas não descartam eventuais oportunidades de compra.

Preocupações com a desaceleração baseiam uma visão negativa no curto prazo pela equipe da BB Investimentos, que, no entanto, avalia que eventuais oportunidades de compra podem surgir com notícias positivas em relação ao declínio de novos casos e/ou desenvolvimento de vacina.