Funcionários da Refap trabalham há 10 dias seguidos e são impedidos de sair da refinaria

Há relatos de que os funcionários dormem em locais improvisados e são orientados a não abandonar o posto enquanto não houver outra pessoa para substituí-los.

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Refap, atingida pela greve, em Canoas. Foto: Ricardo Giusti/CP

Os funcionários da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, que não aderiram à greve da categoria estão trabalhando há 10 dias direto e sob ameaças de desligamento por parte da Petrobras. Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro/RS), além dos trabalhadores não grevistas, outros que estavam no local quando a paralisação começou não puderam sair.

O Sindipetro destaca que essa situação é prática recorrente da Petrobrás. Há relatos de que os funcionários dormem em locais improvisados e são orientados a não abandonar o posto enquanto não houver outra pessoa para substituí-los.

“Eu fiquei quase oito dias direto dentro da refinaria. A gente pode até ser demitido se sair e não tiver ninguém lá para assumir nosso lugar. A gente dorme muito mal, uns dormem em dormitório improvisado, outros no posto de trabalho junto à planta industrial por considerar o dormitório longe e é arriscado deixar o posto de trabalho. Só que dormem a poucos metros da planta industrial, que é de alto risco e bem estressante. Ainda tem a questão da saudade da família, que é forte. É pesado ficar tanto tempo lá. Alguns funcionários a empresa libera para sair, aqueles que eles sabem que vão voltar. Os que eles sabem que se liberar não voltam, não são autorizados a sair”,  relata um funcionário que não quer se identificar.

Ouça o relato:

Greve

A greve dos petroleiros começou na madrugada do dia 1º de fevereiro. A paralisação acontece em todo país e foi convocada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). O movimento contesta as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e o descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Mais de mil pessoas foram desligadas na unidade.

O Sindipetro teme que as próximas demissões ocorram no Rio Grande do Sul, com a privatização da Refap.  Segundo o sindicato, a população não será afetada pela greve e há trabalhadores suficientes atuando para suprir a demanda.

Decisão judicial

Petroleiros decidiram manter uma greve mesmo após o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, atender pedido da Petrobras, na última quinta-feira, e bloquear contas de sindicatos, por descumprimento de decisão judicial durante a paralisação.

Na ocasião, o ministro determinou a manutenção de 90% dos funcionários da estatal no desempenho normal das atribuições, em meio à greve da categoria. Na ocasião, o ministro estabeleceu multa de diária de R$ 500 mil, para sindicatos de base territorial com mais de 2.000 empregados, em caso de descumprimento da decisão. Outras entidades sindicais podem ser multadas em R$ 250 mil.

Conforme Miriam Cabreira, dirigente sindical, “nós recebemos a decisão com surpresa. Nós estamos cumprindo a liminar, não tem bloqueio na Refap, quem não está entrando é por livre e espontânea vontade de ter aderido ao movimento. A refinaria segue operando com condições de suprimento de combustível para a população. Essa decisão do ministro vem por parte de informações que não são verídicas da Petrobras”.