Entrou em vigor nos últimos dias a nova lei que proíbe a utilização de canudinhos de plástico em Porto Alegre. Considerei uma ótima medida. Totalmente integrada ao pensamento ecologicamente correto. Um canudinho de plástico pode demorar 200 anos para se decompor. Excelente!
Resolvemos um problema? Não, não resolvemos.
No primeiro final de semana da lei, os substitutos, os canudos de papel foram utilizados e milhares deles encontrados onde? No lixo, certo? Não. No chão. Destino onde os canudinhos de plástico também eram jogados. Logo, o problema eram os canudinhos?
Não. Não era. O nosso problema é educação. É cultural. Explico:
Já ouvi isso: “- Vou colocar o lixo no chão mesmo, senão o lixeiro não tem emprego!” Seguido de uma risada. Ação de um pensamento proveniente de uma cultura que sempre tem alguém pra fazer o ‘serviço’ que eu poderia fazer.
Já ouvi também: “- Não vai ser o meu lixo que vai mudar o mundo ou poluir os oceanos. É só um canudinho/copo/lata/toco de cigarro/sacola!” Ação de um pensamento proveniente do que ouvi a vida inteira e fui educado a fazer na minha…
Pois é… O problema não só o canudinho. O nosso problema é muito maior que isso…
O nosso problema é no lixo no chão, é o furo na fila do banco, da padaria, no trânsito, nas relações profissionais…
É a minha ignorância ao não parar na faixa de segurança ou dar a preferência no trânsito…
O problema é que temos é entender que podemos sim fazer a nossa parte em mundo cheio de intolerâncias por qualquer que seja o tema, assunto ou ação.
O problema é que vivemos um tempo onde todos se consideram perfeitos a ponto de julgar quem quer que seja sem o mínimo conhecimento de causa ou efeito do que for colocado.
O problema não é só o canudinho. O problema é comemorar vantagem no troco errado do supermercado. Problema mesmo nós temos nas discussões de trânsito que acabam em morte por causa de um dano material, como vimos recentemente.
O problema todo é a nojenta dicotomia que vivemos onde quem não é do mesmo partido ou ideologia política que a minha, simplesmente não presta.
O problema é quando o ódio está presente pelo fato do meu time não ser o mesmo que o time do outro.
O problema é quando até a minha fé é questionada por não ser a mesma que o outro segue.
O problema não é o canudinho, é o rótulo que eu ganho se eu gostar de pagode, samba e outros ritmos senão o rock pesado ou qualquer outro que não seja o que outro considera ideal…
O nosso principal problema é o egoísmo e a ganância exagerada que não vê limites para acumular mais e mais riquezas (o que é riqueza pra você?)…
O nosso problema é muito maior que os canudinhos, embora, repito, eu concorde com lei, insisto que o nosso problema é moral.
Vivemos um tempo onde pensar diferente é um pecado passível de uma ruptura de relações ou até mesmo, pasmem, de ódio…
Deveríamos EDUCAR nossos filhos para respeitarem a opinião dos outros, seja quem for.
Deveríamos criar uma nova CULTURA para nossos filhos onde eles entendam que TODOS NÓS TEMOS OS NOSSOS VALORES e que SIM, podemos, fazer a nossa parte para um mundo melhor…
Um mundo que eu não sei se ainda vou ver, mas que espero, do fundo do coração, que meus filhos e netos vejam.
Não são só os ‘canudinhos’ que vão fazer a diferença, mas as atitudes diante deles…
Que tenhamos consciência que também na ‘tabela dos valores’ que ensinamos e praticamos, saibamos o que é lixo, o que é reciclável e o que é indicado a utilizar-se…
O grande problema são efetivamente os valores na vida.
Dentro do seu contexto, quantas vezes você colocou a culpa no canudinho quando o problema era bem maior?
Descubra os seus. Reflita sobre os ‘canudinhos’…
O problema é bem maior e só uma pessoa poderá resolvê-los.
Você sabe muito bem quem é.
Excelente semana à todos!
FB