Acusado de matar três pessoas da mesma família, no Lami, comprou arma idêntica à usada no crime

Fato confronta versão do autor do crime, que disse ter agido em legítima defesa ao utilizar armamento da própria vítima

Imagem de arma idêntica a utilizada no crime teria sido enviada pelo acusado a um amigo, há trinta dias

A Polícia Civil interrogou, nesta quarta-feira, um amigo de Dionatha Vidaletti, preso preventivamente pelo triplo assassinato de membros de uma mesma família, na zona Sul de Porto Alegre, no último domingo. Rafael Zanetti Silva, de 45 anos, a esposa Fabiana Silveira Innocente Silva, de 44, e o filho Gabriel Innocente Silva, de 20, foram mortos na Estrada do Varejão, no Lami, em meio a uma briga de trânsito. O amigo declarou que, há cerca de um mês, Vidaletti comprou uma pistola calibre 9 milímetros, de cor preta. “Mesma cor e mesmo calibre da que foi utilizada no homicídio”, disse o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O fato confronta a versão do autor do crime, que disse em depoimento, nessa terça-feira, ter agido em legítima defesa ao utilizar o armamento de Rafael depois de desarmar o pai de família.

Conforme o delegado, a polícia recebeu uma denúncia anônima. O amigo, que não teve o nome revelado, confirmou ter recebido mensagens de texto em que Vidaletti conta que havia acabado de comprar uma arma, além de uma foto do acusado, com o dispositivo em punho. As mensagens, no entanto, foram apagadas do celular da testemunha, restando apenas a imagem na galeria de fotos. No depoimento, o rapaz também revelou à polícia que, além da prática de tiro airsoft, o acusado também tinha prática de tiro com arma de fogo, embora nunca tenha visto no amigo uma pessoa agressiva.

O delegado Pohlman informou ainda que a namorada do jovem assassinado, que viu os crimes de dentro do carro da família, também voltou a depor. Segundo o policial, ela relatou que não conseguiu visualizar toda a ação porque precisou acalmar o outro filho do casal, de oito anos, que tentou sair do carro. Ela e o menino não se feriram. 

Testemunha ocular presta depoimento

Uma testemunha ocular do crime prestou depoimento hoje. Ela alegou que, em nenhum momento, viu as vítimas de posse da arma e que o desenrolar da situação foi rápido, sem que tenha havido tempo de contato físico entre as vítimas e o atirador. A testemunha relatou que, antes dos disparos, viu Fabiana levantar do acento do carona e xingar a mãe do acusado, enquanto fazia contato com a polícia.

A testemunha disse ainda ter visto Fabiana ir em direção à mãe de Vidaletti, de forma abrupta, e o marido tentando, em seguida, afastar a esposa da situação. Afirmou, também, que, antes dos tiros em direção às vítimas, a mãe do acusado disparou contra o chão na tentativa de dispersar a confusão. De acordo com o delegado, o inquérito deve ser concluído em 10 dias.

Na segunda-feira, a Polícia Civil localizou o carro de Dionatha. A EcoSport vermelha havia sido deixada em uma propriedade privada, também no Lami, em uma zona rural de Porto Alegre. No mesmo dia a Polícia apreendeu uma pistola calibre 380 – registrada no nome da mãe de Vidaletti – e um revólver calibre 38.

Crime

Dionatha Bitencourt Vidaletti é acusado de matar Rafael Zanetti Silva, de 45 anos, Fabiana da Silveira Innocente Silva, 43, e o filho deles, Gabriel da Silveira Innocente Silva, de 20.

A família assassinada percorria a Estrada do Varejão, no bairro Lami, após uma festa de aniversário em um sítio no bairro Cantagalo. O pai Rafael dirigia um Citroën Aircross e colidiu com o veículo Ford EcoSport, parado. Ao perceber que o condutor não parou, o suspeito entrou na EcoSport e começou a perseguir a família. Rafael, Fabiana e Gabriel desceram do carro foram mortos a tiros. Um menino de 8 anos, também filho do casal, e a namorada do jovem morto não sofreram lesões.