Mourão diz que Bolsonaro tem apreço por Moro e que pode não ser vice em 2022

Em entrevista exclusiva à Guaíba, vice-presidente Hamilton Mourão falou de militares no INSS e de Regina Duarte na Secretaria da Cultura.

Presidente em Exercício, Hamilton Mourão, concedeu entrevista à Rádio Guaíba nesta sexta (24) | Foto: Bruno Batista/VPR
Foto: Bruno Batista/VPR

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Guaíba, nesta sexta-feira. A conversa foi ao ar no programa Bom Dia. Ocupando a chefia do Executivo enquanto Jair Bolsonaro cumpre agenda no exterior, Mourão falou de temas polêmicos como a aventada recriação do Ministério da Segurança Pública e o convite para a atriz Regina Duarte assumir a Secretaria Especial da Cultura. A contratação de militares para trabalhar no INSS e as eleições de 2022 também foram abordadas pelo vice-presidente.

Confira os principais pontos da entrevista:

Divisão de Justiça e Segurança

Hamilton Mourão comentou a possibilidade de dividir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública em dois, já descartada pelo presidente Jair Bolsonaro. O vice-presidente revelou que a proposta foi feita por alguns secretários estaduais em uma reunião realizada na quarta-feira. Bolsonaro teria se disposto a estudar o tema. No entanto, a recriação do Ministério da Segurança não seria uma pauta urgente do governo. A medida foi vista como uma tentativa de enfraquecer o ministro Sérgio Moro.

Hamilton Mourão garantiu que o ex-juiz segue prestigiado no governo. Para o vice-presidente, a presença de Moro na Esplanada demonstra o compromisso de Bolsonaro no combate à corrupção. “O presidente tem o maior apreço pelo ministro Moro. Ele compreende, ele tem a noção perfeita do que o ministro Moro representa para grande parcela da população brasileira, que vê o nosso governo como um governo comprometido com o combate à corrupção, comprometido com a ética”, sustentou. “O ministro Moro é uma daquelas figuras que é carro-chefe e o presidente sabe disso muito bem. Então as pessoas podem ficar tranquilas. O ministro não é aquele técnico de futebol prestigiado, muito pelo contrário. Ele é um homem que tem um significado extraordinário para o governo do presidente Bolsonaro”, concluiu Mourão.

Regina Duarte

O vice-presidente Hamilton Mourão relatou também parte da agenda da atriz Regina Duarte, que deve assumir a Secretaria Especial da Cultura. A provável titular da pasta estaria estudando questões como o orçamento destinado para a área. Sobre as críticas que o governo e Regina vêm recebendo, Mourão disse esperar que as tensões diminuam. “Existe um tribalismo excessivo aqui no nosso país. As pessoas parecem que deixaram de aceitar o pensamento que seja distinto um do outro”, observou. “Quando uma pessoa resolve ‘eu vou me manifestar, eu vou apoiar a visão do presidente Bolsonaro’ ela é, imediatamente, desqualificada, como se fosse alguém que não tivesse noção do que está fazendo”, completou.

Militares no INSS

O decreto que regulamenta a contratação de militares inativos para atividades em órgãos públicos foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União na noite dessa quinta-feira. Um dos destinos cogitados é o INSS, a fim de reforçar o atendimento nas agências e reduzir o estoque de pedidos de benefícios em atraso.

Hamilton Mourão disse que o decreto assinado é genérico e que não se refere, especificamente, ao INSS. O vice-presidente garantiu que os militares deverão passar por treinamentos antes de assumir postos na administração. A contratação de militares traria menos custos ao governo. “Se você se orienta pelo princípio da economicidade, os militares são mais baratos”, observou ao citar o questionamento do Tribunal de Contas da União sobre o tema. “O que interessa é que o gato coma o rato” completou Mourão.

Conselho da Amazônia

Mourão foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar o Conselho da Amazônia. O órgão terá como objetivo a proteção, a defesa e o desenvolvimento sustentável da região. O governo também quer que o colegiado seja uma forma de posicionar o país no exterior. “Chegou a conclusão de que era necessário um organismo que coordenasse os esforços de diferentes ministérios e, ao mesmo tempo, óbvio, desse uma resposta às críticas que o país vem recebendo em relação à questão ambiental”, observou o vice-presidente.

Eleições 2022

Ao ser questionado se será companheiro de chapa de Bolsonaro em 2022, o vice-presidente afirmou que está à disposição do presidente. Filiado ao PRTB, o general da reserva preferiu não antecipar o tema. No entanto, Mourão revelou que pode colaborar com o presidente caso deseje contar com outro vice. “Se, para a continuidade do projeto, ele precisar de um companheiro de chapa que lhe traga maior densidade eleitoral, vamos dizer, ele sabe muito bem que ele conta com a minha colaboração e com a minha lealdade irrestrita”, pontuou. “Isso, para mim, não é e nunca será problema”, completou.