A operação do Ministério Público em conjunto com a Brigada Militar, desencadeada nesta sexta-feira para investigar os envolvidos em uma briga generalizada no estádio Beira-Rio, em dezembro do ano passado, prendeu 16 pessoas, integrantes de torcidas organizadas do Internacional. Foi determinada também a suspensão por 120 dias das torcidas Camisa 12, Guarda Popular e Só Eles, a última sem reconhecimento do clube.
Durante o cumprimento de mandados, 11 celulares foram apreendidos, além de 32 buchas de cocaína, duas balanças de precisão, três porções de maconha e materiais de outras torcidas do Inter. Ao todo, foram expedidos 16 mandados de prisão preventiva e outros 16 de busca e apreensão. As buscas foram feitas em Porto Alegre, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo.
O confronto entre colorados ocorreu no pátio do estádio, logo após o jogo entre Inter e Atlético-MG, válido pela última rodada do Brasileirão de 2019. Segundo o promotor Rodrigo da Silva Brandalise, a briga foi premeditada. Após o término da partida, os integrantes das torcidas envolvidas aguardaram a saída da maior parte do efetivo da Brigada Militar para iniciar o confronto.
De acordo com Brandalise, os suspeitos poderão responder por lesão corporal, dano ao patrimônio e até associação criminosa. No entanto, tudo depende do andamento do processo. “Dos dados coletados até agora nós temos um tumulto, as lesões corporais, uma repórter que sofreu crime de dano e da forma que eles organizaram, e isso é o que mais nos chama atenção, há indicativo de associação criminosa”, ressalta o promotor.
Antes do cumprimento dos mandados, Brandalise relatou que os fatos investigados apontaram a intenção de demonstrar maior predominância de uma parcela da torcida organizada. É o que sugerem postagens feitas em redes sociais que foram encaminhadas ao Ministério Público. Não está descartado que os presos tenham participação em facções criminosas, o que vai ser investigado no decorrer do processo.
Foi autorizada também a quebra de sigilo dos dados telefônicos e telemáticos, pelo prazo de 30 dias, dos celulares apreendidos com o grupo investigado.
Repórter agredida
No episódio, a repórter da Rádio Guaíba Laura Gross filmou com o celular (vídeo abaixo) a briga entre torcedores. Quando perceberam que a repórter fazia o registro do confronto, quatro torcedores a empurraram, a agrediram e quebraram vidros do carro da emissora. À época, a Associação Dos Cronistas Esportivos Gaúchos (ACEG) e o Sport Club Internacional lamentaram o ocorrido.
Confira o vídeo:
Risco iminente
Ainda segundo a investigação do MP, dos elementos coletados, havia risco iminente de envolvimento desses torcedores em brigas nos jogos previstos para 2020. Conforme o comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Rogério Stumpf Pereira Júnior, a Brigada Militar já vem fazendo um planejamento para garantir a segurança dos eventos, do início ao fim.
“A segurança do evento envolve muito mais coisa do que o horário após o jogo. Nesse ato específico, eles esperaram a retirada de quase todo o público. A própria segurança do Inter estava no estádio mas, no momento em que a Brigada Militar estava acompanhando o público, houve esse movimento quando cometeram os atos de violência. Nós já estamos trabalhando na área de segurança com informações e inteligência para manter um planejamento que venha a permitir segurança tanto antes do jogo quanto no pós-jogo”, afirmou.
*Atualizada, às 16h, para inclusão dos nomes das organizadas e alteração do número de prisões