Confederação Israelita pede afastamento de secretário que parafraseou nazista

Presidente da Confederação Israelita do Brasil foi entrevistado pela Rádio Guaíba, nesta sexta-feira, e criticou alusão a nazista.

Presidente da Confederação Israelita, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, comentou declaração nazista de secretário do governo | Foto: Divulgação/Conib
Presidente da Confederação Israelita, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, comentou declaração nazista de secretário do governo | Foto: Divulgação/Conib

A Confederação Israelita do Brasil manifestou repúdio às declarações do secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, que usou parte de um discurso nazista para lançar o Prêmio Nacional das Artes. A fala original é atribuída ao ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels. Para a Conib, é “inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro”. A entidade prossegue, afirmando que “uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”. No Facebook, Roberto Alvim disse que o caso foi uma “coincidência retórica”.

Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, o presidente da Confederação Israelita disse não acreditar que a manifestação do secretário tenha sido por acaso. Fernando Kasinski Lottenberg não descartou, inclusive, entrar com uma ação judicial contra Alvim. “Não acredito que tenha sido acidental, não acredito que tenha sido por engano. Eu acho que não tem outra saída, senão a demissão imediata dele pelo presidente da República sem prejuízo de medidas jurídicas que a nossa área está analisando”, ressaltou.

Jurisprudência gaúcha

O presidente da Confederação Israelita citou um caso gaúcho que se tornou marco no combate ao antissemitismo e ao nazismo no Brasil. Para Fernando Lottenberg, o processo que condenou os agressores de dois jovens judeus agredidos em Porto Alegre por usarem o quipá simboliza a legislação sobre o tema. “A difusão de ideias nazistas não é permitida em nosso ordenamento, de maneira explícita ou de maneira implícita, como esse secretário pretendeu fazer”, observou.

O vídeo foi divulgado pelo governo federal a poucos dias de uma data simbólica para os judeus. A ocorrência também incomodou o representante da comunidade no Brasil. No dia 27 de janeiro, serão lembrados os 75 anos da libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazista de Auschwitz pelas tropas soviéticas.

Nota da oficial Conib:

“A Conib (Confederação Israelita do Brasil) considera inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim. Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida. Goebbels foi um dos principais líderes do regime nazista, que empregou a propaganda e a cultura para deturpar corações e mentes dos alemães e dos aliados nazistas a ponto de cometerem o Holocausto, o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa, entre tantas outras vítimas. O Brasil, que enviou bravos soldados para combater o nazismo em solo europeu, não merece isso. Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente.”