A decisão da eleição para a presidência do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que se encerrou ontem com empate entre as duas chapas concorrentes, foi parar na Justiça. A chapa “De coração pela tradição” liderada por Elenir Winck, que obteve 530 votos, foi declarada vitoriosa por conta do critério de desempate previsto em artigo do movimento, que determina que o grupo com o integrante mais antigo seja declarado vencedor.
A concorrente “Fazer agora”, que tem à frente Gilda Galeazzi, somou o mesmo número de votos e ingressou com pedido de liminar na Justiça para suspender o efeito da eleição e a posse dos conselheiros, que seria neste domingo. Se a Justiça confirmar a vitória de Elenir, ela será a primeira mulher a assumir a presidência do MTG.
A eleição ocorreu no sábado, em Lajeado, durante o 68º Congresso Tradicionalista. Em uma rede social, Gilda confirmou que a Justiça de Lajeado atendeu o pedido de liminar da chapa. A candidata afirma que pelo regulamento, o candidato mais idoso seria o eleito. “No caso, Gilda Galeazzi. Essa era a nossa interpretação, também.
No entanto, a comissão eleitoral entendeu dar a vitória a Elenir Winck, argumentando que um conselheiro de sua chapa tem a idade ainda mais avançada. Como é público e notório, o que estava em jogo nessa eleição eram duas candidatas. Duas mulheres”, observa.
Mudança no comando
O ex-presidente Nairo Callegaro, que entregou o cargo na última sexta-feira, explica que o caso está sendo tratado pelo presidente do congresso, Luiz Carlos Rigon. “A chapa entrou com pedido de liminar pela manhã que foi deferido, suspendendo o efeito da eleição e a posse dos conselheiros. A posse da Elenir que seria neste domingo pela manhã foi suspensa até que a chapa dela entre com pedido de cassação da liminar”, afirma. Conforme Callegaro, uma comissão provisória e o departamento jurídico da entidade deverão acompanhar o caso, além dos 16 integrantes do Conselho Diretor que ainda detêm mandatos.
Apesar do problema envolvendo a transição na coordenação do MTG, Callegaro garante que deixa um legado marcado por ‘mudanças profundas’ na entidade. Após quatro mandatos seguidos, ele destaca uma série de melhorias promovidas durante o período em que esteve à frente do MTG: realização de concursos, regulamentos, Encontro de Artes e Tradição (Enart).
“Fizemos uma série de atividades, remodelamos a forma de realizar do MTG, que antes dependia muito do dinheiro público”, observa. Conforme Callegaro, ao longo do tempo a entidade passou a buscar novos parceiros para fazer eventos. “O MTG está caminhando com as próprias pernas, com gerência dos processos e independência na realização da sua trajetória”, completa.
Callegaro também apontou as ações de voluntariado promovidas pelos tradicionalistas e que atendem aos anseios da sociedade. “Voluntariado não é filantropia”, frisa. Sobre as modificações implantadas em sua gestão, ele explica que as ações visaram atender às demandas atuais dos tradicionalistas. “Vivemos numa sociedade dinâmica, que evolui, e o MTG acompanha esse processo social sem perder características, preservando o aspecto cultural e o folclore local”, observa.