Pequenos agricultores sofrem com estiagem e Famurs pede mais agilidade à Defesa Civil

Órgão distribuiu reservatórios móveis de água para as comunidades mais afetadas pela falta de chuva

Foto: Josiléri Linke Cidade / Divulgação

A estiagem, que já afeta 28 municípios no Rio Grande do Sul, preocupa agricultores, principalmente os de pequenas propriedades. É o caso de Diogo Ferraboli, produtor de leite e de erva-mate em Anta Gorda. Segundo ele, ambas atividades dependem de um clima favorável, com chuva, mas a produção de leite é a mais afetada.

“A base da alimentação das vacas é o milho. Plantamos em torno de 45 hectares de milho. Em ano normal, dá 45 a 50 toneladas por hectare. Nesse ano produzimos cerca de 20. Uma queda de mais de 50%. Isso vai ser um problema não só para agora. É para um ano ou dois. Nós, pequenos produtores, já sofremos há anos com o baixo preço pago pelo litro do leite. Nosso custo de produção é alto e com essa estiagem vai aumentar mais ainda. Temos que comprar ração, comprar milho”, disse Ferraboli ao Guaíba News.

Anta Gorda, no Vale do Taquari, não está na relação das cidades em situação de emergência decretada, mas não deve ficar de fora, já que, segundo Ferraboli, muitos vizinhos de propriedade vivem a mesma situação. A lista não para de crescer. Somente de ontem para hoje 12 cidades entraram para a relação que aguarda homologação: Mato Leitão, Agudo, Canguçu, Cerro Branco, Gramado Xavier, Cerro Grande do Sul, Dom Feliciano, Rio Pardo, São Gabriel, Sertão Santana, Sobradinho e Vale Verde.

Os pedidos são encaminhados para liberação ao governo estadual. O tempo de análise por parte do Estado é criticado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). “Por exemplo, análises de pedidos de decretos de emergência já aconteceram em outras oportunidades (estiagens e chuvas anteriores). Evidentemente que isso deve ser feito com agilidade para os resultados serem mais efetivos e diminuir os prejuízos de quem já está sofrendo”, cobrou o vice-presidente da Famurs, Maneco Hanssen.

Segundo Hanssen, que também é prefeito de Taquari, no Vale do Taquari, o assunto vai ser debatido na segunda-feira da próxima semana, em mais uma reunião na sede da Federação. “A Famurs já solicitou rapidez na concessão dos benefícios, planejamento a longo prazo pra não se repetir no ano que vem e que se estendam os prazos de financiamentos para os produtores”, disse, também em entrevista ao Guaíba News.

Durante os meses de dezembro e janeiro, a Defesa Civil distribuiu reservatórios móveis de água para as comunidades mais afetadas pela estiagem. No total, 21 cidades foram beneficiadas com o empréstimo de 34 unidades com capacidade de 4,5 mil litros, de acordo com o órgão.

Dados preliminares

O diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri, ponderou que as estimativas preliminares sobre as perdas de safra ainda são muito difíceis de mensurar porque a estiagem está em curso e os dados vão mudando rapidamente.

No entanto, perdas maiores, até o momento, ficaram concentradas nas regionais de Soledade, Ijuí e Passo Fundo, no caso da soja; no Vale do Rio Pardo, no caso do milho para silagem; e novamente em Soledade, com relação ao feijão (1ª safra).