O ministro da Educação, Abraham Weintraub, enalteceu o trabalho desempenhado pela pasta no ano passado durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira. Ele citou, em especial, o programa Conta para Mim lançado em dezembro, que incentiva a leitura no ambiente familiar.
“(O programa) busca justamente valorizar o papel da família com as crianças pequenas nesses primeiros momentos. Sai o kit gay e entra a leitura em família”, disse o ministro, no encontro transmitido ao vivo do Palácio do Planalto. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Bolsonaro e apoiadores sempre chamaram de “kit gay” o material batizado de “Escola sem Homofobia”, que chegou a ser discutido dentro do Ministério da Educação (MEC) em 2011, mas que teve produção e distribuição vetadas pela então presidente da República, Dilma Rousseff. Durante a reunião, Bolsonaro assistiu um vídeo de balanço da atuação do MEC em 2019.
Das ações destacadas, o presidente comentou o fim do uso de livros didáticos considerados por ele “péssimos” e uma “vergonha”. O ministro assegurou que a pasta deu uma “boa limpada” no material oferecido. “Já saiu muita porcaria, mas ainda vai (sair) alguns (livros) que a gente não gosta”, disse Weintraub.
A questão da ideologia de gênero, mencionada com frequência durante a campanha de Bolsonaro, também pautou a conversa. Para o presidente, o tema não deve ser tratado pelo MEC. “Uma parte do eleitorado se simpatizou comigo na pré-campanha e na campanha, tendo em vista a educação. Não vi discussão sobre ideologia de gênero. Isso, no meu entender não é para ser discutido lá (no ministério). O pai quer que o filho seja homem, que a filha seja mulher; coisa óbvia, né”, disse o presidente.
Weintraub apoiou a fala e acrescentou: “Quem educa é a família, a escola ensina. A gente ensina a ler, a escrever, ensina o ofício. A gente espera que a família eduque as crianças”. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019, considerado “sem polêmicas”, também recebeu elogios do presidente durante a reunião.
Bolsonaro retomou as críticas à prova anterior, mencionando a “linguagem secreta dos gays” e questionou a contribuição do tema para os estudantes: “não consigo entender o que contribuía uma redação com esse tema?”, questionou o presidente. Na verdade, a redação era sobre outro tema, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. A “linguagem secreta dos gays” – um dialeto conhecido como pajubá – fazia parte de uma questão da prova de Linguagens do Enem daquele ano.
A reunião ocorreu em meio a rumores da possível saída de Weintraub do governo. Bolsonaro, contudo, apenas elogiou a atuação do ministro e citou a gestão de Ricardo Vélez, que esteve à frente do MEC até abril de 2019, como um “início conturbado”. Sem citar diretamente o nome de Vélez, Bolsonaro afirmou que apesar de “bem intencionado” faltou “malícia” da parte do ex-ministro para “algumas funções que tinham de ser mudadas”.