Justiça suspende contrato de publicidade da Prefeitura de Porto Alegre

Juíza sustenta que custo do contrato de publicidade da Prefeitura é exorbitante e que peças têm cunho eleitoral.

Decisão judicial mostra que contrato de publicidade custou mais de R$ 34 milhões | Foto: Ricardo Giusti/CP Memória
Foto: Ricardo Giusti/CP Memória

O serviço de plantão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul deferiu, parcialmente, uma liminar contra as ações de publicidade da Prefeitura de Porto Alegre. A decisão da juíza Keila Silene Tortelli determina que o contrato firmado entre o Executivo e duas empresas seja suspenso. A medida vale até a readequação do conteúdo à realidade financeira da cidade. O despacho também ordena que o Paço Municipal “se abstenha de efetuar qualquer publicidade que não seja de cunho educativo, informativo ou de orientação social à população, a exemplo das informações da alteração dos valores do IPTU”.

A ação judicial foi movida por dois diretores do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, Luciane Pereira da Silva e Edson Zomar de Oliveira. No despacho, a magistrada expõe o argumento dos autores. Segundo os sindicalistas, “a publicidade não tem caráter educativo, e sim de mera promoção de gestão a menos de um ano do pleito eleitoral”. O prefeito Nelson Marchezan Júnior e o Município de Porto Alegre aparecem como réus no processo.

Valores e “cunho eleitoral”

Ao acatar a manifestação dos autores do processo, a juíza Keila Silene Tortelli classifica como “exorbitante” o custo do contrato de publicidade, que é de R$ 34,9 milhões. A magistrada ainda cita “o momento crítico das contas públicas, inclusive com parcelamento de salário do funcionalismo público”.

A juíza plantonista prossegue, sustentando que as ações de publicidade da Prefeitura de Porto Alegre ferem recomendações do Ministério Público e do Ministério Público de Contas. As orientações foram destinadas ao governo do Estado, a fim de restringir as ações de propaganda enquanto perdurar a crise financeira do Rio Grande do Sul.

O despacho ainda destaca que alguns dos materiais divulgados pela Prefeitura tinham “cunho eleitoral”. A juíza dá, como exemplo, publicações feitas nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, anunciando reformas implementadas pela gestão de Marchezan.

Procurado, o secretário de Comunicação da Prefeitura de Porto Alegre, Orestes de Andrade Jr., disse que não pretende se manifestar sobre a liminar da Justiça e que as campanhas já tiveram a veiculação suspensa. O Município vai recorrer da decisão.

Decisão distinta 

No fim de dezembro, o juiz Paulo de Tarso Carpena Lopes havia negado um pedido semelhante do PSol e Simpa, buscando suspender qualquer tipo de propaganda publicitária do Paço Municipal, sob pena de multa. A liminar foi negada pelo magistrado em 24 de dezembro. A ação questionou o custo total das peças ou anúncios publicitários, e coube ao Executivo prestar esclarecimentos sobre o material.

Verbas com publicidade 

Em meio as discussões sobre investimentos em publicidade, o prefeito Nelson Marchezan Jr (PSDB) assegura também ter sido o chefe do Executivo mais econômico dos últimos 20 anos. A análise leva em conta os primeiros três anos de todas as gestões. Desde 2001, o campeão de gastos com publicidade nas duas últimas décadas foi o governo Fogaça/Fortunati (2009 a 2011), com R$ 81,6 milhões. Entre 2017 a 2019, Marchezan investiu R$ 38 milhões — menos da metade que os últimos quatro governos de Porto Alegre.