Após caminhada partindo de garagens de ônibus de Porto Alegre e corredores exclusivos, rodoviários se concentraram na Câmara de Vereadores horas antes da abertura da sessão plenária desta quarta-feira. Conforme os 21 projetos priorizados, a proposta que extingue gradativamente os cobradores no transporte público está apta a ser votada. Segundo o acordo da mesa de líderes, deverão ser votados hoje dois projetos de vereadores e um do Executivo.
“Hoje são 3,6 mil pais e mães de famílias que serão demitidos. Nem pensar em apoiar esse projeto que destrói uma profissão e traz insegurança aos passageiros”, diz o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Adair da Silva.
No começo da manhã, a categoria se dividiu em pelo menos dois grupos, que realizaram caminhadas nas zonas Leste e Norte de Porto Alegre. Uma das mobilizações se encerrou na avenida Baltazar de Oliveira Garcia, mas a outra, que partiu da sede da Carris, na rua Albion, foi a que mais durou, com direito à passeata pelo corredor de ônibus a partir da avenida Bento Gonçalves até a Câmara de Vereadores. O protesto gerou lentidão no tráfego de coletivos, dificultando o deslocamento de passageiros que foram obrigados a esperar um pouco mais nas paradas ou a recorrer para lotações, anteriormente autorizadas pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para circular com usuários em pé.
“Cobrador na rua, Marchezan a culpa é tua” @RdGuaibaOficial pic.twitter.com/40ZYykdllu
— Jéssica Moraes (@jessicamoraees_) December 18, 2019
Um dos integrantes do protesto declarou que uma nova manifestação nesta quinta-feira é possível. “Se não retirarem o projeto hoje amanhã vamos parar Porto Alegre toda”, disse à reportagem do Correio do Povo sem se identificar.
O projeto, que deve ir à votação nesta quarta-feira, sugere a diminuição gradativa da tripulação nos ônibus, excluindo os cobradores nas seguintes hipóteses: rescisão do contrato de trabalho por iniciativa do cobrador; demissão por justa causa; aposentadoria; falecimento do empregado e interrupção ou suspensão do contrato de trabalho.
O texto prevê que os cobradores deixem de operar nas linhas entre 22h e 4h, domingos, feriados e dias de passe livre. O pagamento da tarifa deverá ser realizado exclusivamente por meio de cartão do Sistema de Bilhetagem Eletrônica, cartão de débito, cartão de crédito ou outras formas eletrônicas de pagamento. O não uso de dinheiro visa, segundo a Prefeitura, a segurança dos passageiros e do motorista.