No Rio Grande do Sul, os produtos derivados da bubalinocultura encerram 2019 atualizando o mercado com novidades e conquistando avanços significativos em sua reputação. A carne, por exemplo, possui 45% menos colesterol e 50% menos calorias, quando comparada com outras raças, segundo o presidente da Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu), Régis Gonçalves.
O dirigente destaca que, no decorrer do segundo semestre deste ano, houve o lançamento, por exemplo, da linguiça recheada com muçarela de búfalo e do hambúrguer derivado da espécie. Este último está sendo comercializado de forma experimental na Casa da Linguiça, em Porto Alegre (RS). “Encerramos o ano com perspectivas extremamente boas, com novos pontos de vendas oferecendo ao consumidor a carne de búfalo, um produto de maior qualidade e valor agregado para um consumidor mais exigente que visualiza como uma alternativa mais saudável em função das suas características”, compara.
Gonçalves detalha também que essa mudança no comércio rompe com a questão da disputa de preço dos produtos como principal indicador de decisão, tanto para o varejo como para o consumidor. “Isso vem possibilitando uma abertura e ampliação de parceiros com maior número de frigoríficos, novas lojas e casas de carnes especializadas”, afirmou. O presidente da Ascribu reforça ainda que a disparada do preço da carne bovina, em novembro, acabou por alavancar os valores da carne de búfalo. “Isso trouxe ao produtor uma segurança e uma melhor perspectiva de mercado. Para 2020, há grande potencial de ampliar mais ainda esse trabalho na ponta final da cadeia, divulgando diretamente com o consumidor as qualidades da carne de búfalo”, explica.
Consequentemente, conforme Gonçalves, o novo patamar de preços é um indicador de incentivo aos criadores e produtores ampliarem seus rebanhos, além de novos pecuaristas ingressarem na cultura bubalina, visando animais com custo de produção mais baixo na comparação com outras espécies, e mais resistentes a parasitas – problema bastante grave no Rio Grande do Sul, segundo o presidente da Ascribu. “Principalmente sobre o carrapato, o búfalo apresenta-se como alternativa naquelas propriedades onde há bastante dificuldades de controle e naqueles campos mais grossos e fibrosos onde o búfalo tem melhor desempenho”, apontou.
Para o presidente da Ascribu, o produtor está bastante atento e buscando alternativas ao seu negócio. “Acho que 2020 iniciará com uma excelente perspectiva para a bubalinocultura aqui no Estado. Da mesma forma, a questão dos derivados de leite e o queijo muçarela estão crescendo. A Cooperbúfalo vem aumentando cada vez mais seus mercados e ampliando para o interior do Estado. Cada vez que o consumidor experimenta e conhece a verdadeira muçarela de búfalo, pela grande qualidade excepcional, não retorna para outros produtos”, alerta.
Sobre o próximo ano, Gonçalves adiantou que a Ascribu está preparando Dia de Campo, eventos e sua participação na Expointer 2020. “Já estamos em tratativas com outros Estados para aumentarmos a oferta e trazermos touros e novilhas para a feira agropecuária”, frisa. O dirigente complementa que, em 2019, havia a preocupação com o número de novilhas fêmeas abatidas, mas que houve uma redução nessa prática e que, atualmente, os produtores e criadores estão voltados para o aperfeiçoamento da espécie com a introdução de sêmen importado. “Tivemos alguns criatórios que trabalharam com inseminação artificial, buscando melhorar a genética no Rio Grande do Sul, principalmente através da importação de sêmen de touros italianos. Isto demonstra que o produtor está acreditando realmente no potencial do búfalo”, finaliza.