Ação conjunta investiga supostos maus tratos em asilo de Porto Alegre

Local estaria em péssimas condições de higiene

Muitos idosos não caminham e não há condições de acessibilidade. Não há NENHUMA cadeira de rodas. Foto: Laura Gross

Um asilo, com pacientes psiquiátricos, situado no bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, foi alvo de uma operação conjunta na manhã desta quinta-feira. A ação, que tem a participação da Polícia Civil, prefeitura e Guarda Municipal, investiga supostos maus tratos no local.

Segundo informações da Polícia Civil, o estabelecimento seria irregular e estaria em péssimas condições de higiene, além de ter alimentos mal armazenados. A apuração indica ainda que a administração do asilo teria mudado de endereço, saindo do bairro Restinga, na zona Sul da cidade, e seguindo para o Mario Quintana.

A titular da Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa, delegada Cristiane Pires Ramos, relatou que 16 pessoas eram atendidas pela casa que era gerida na Restinga. Agora, no Mario Quintana, foram encontradas 13 pessoas. “O paradeiro dessas três pessoas que estão faltando será esclarecido no curso das investigações”, disse. Além disso, a proprietária realizava empréstimos utilizando dados dos idosos internados na clínica.

Conforme a delegada, enquanto ainda estava localizada na Restinga, a clínica teve registro de um estupro de uma paciente com problemas psiquiátricos, que acabou engravidando. Cristiane salientou que a paciente foi encaminhada para outra clínica e que a enfermeira concluiu que a gravidez seria estupro de vulnerável e, por conta disso, acabou denunciado o local. Após denúncia, proprietária levou os internados para bairro Mario Quintana.

Dentre os problemas constatados no local, a Polícia informou que não havia cadeira de rodas, nem máquina de lavar roupas, além de apenas um banheiro para as 13 pessoas que residiam no local. A Vigilância Sanitária constatou ainda foco de dengue na piscina da casa que era utilizada para lavar roupas e também dar banho nas pessoas.

Os colchões urinados e as roupas sujas não eram lavados. Os cuidadores e a proprietária colocavam apenas no sol para secar e depois eram reutilizados. Não havia nenhum produto de higiene no banheiro: nem sabonete, nem shampoo. Conforme a dona, havia dois cuidadores durante p dia e um à noite.

A comida da residência era acondicionada sem refrigeração e os pacientes não possuíam armários para guardarem seus pertences. A cozinha foi adaptada no pátio, para que mais camas coubessem dentro da clínica. Com isso, parte dos pacientes dormia em colchões no ambiente em que antes tinha geladeiras, fogão e armários.

A delegada salientou que, além da proprietária responder por crime de maus tratos e abandono de incapaz, os familiares também poderão responder pelo mesmo crime. A responsável foi presa em flagrante.