Sem garantia de votos, projeto dos cobradores pode não ser votado em 2019

Base e da oposição não garantem maioria para aprovar ou rejeitar eliminação gradativa da atividade de cobradores em Porto Alegre

Vereadores discutiram projeto sob protesto de cobradores nas galerias | Foto: Foto: Tonico Alvares/CMPA
Vereadores discutiram projeto sob protesto de cobradores nas galerias | Foto: Foto: Tonico Alvares/CMPA

O polêmico projeto de lei que prevê reduzir, gradualmente, o número de cobradores de ônibus em Porto Alegre pode não ser votado em 2019. Durante sessão plenária da Câmara Municipal, vereadores seguiam calculando o número de votos garantidos para aprovar ou rejeitar a medida. Tanto nomes da base quanto da oposição ao governo de Nelson Marchezan Júnior preferiram cautela sobre os apoios conquistados até o momento.

Avaliação dos apoiadores

A análise do texto havia sido, inicialmente, marcada para esta quarta-feira. Sem o número suficiente de votos para aprovar, os aliados Prefeitura articularam para adiar a votação. Membro do partido do prefeito, Moisés Barboza (PSDB) disse que nem base nem oposição dispõem hoje dos 19 votos necessários para passar o projeto. O tucano projetou, inclusive, que a lei seja analisada só em 2020. O vereador Felipe Camozzato (Novo) disse estar cético sobre a possibilidade de votação na segunda-feira.

Já o líder do governo manteve o discurso otimista. Reafirmando que não vai haver demissão em massa de cobradores, Mauro Pinheiro (Rede) preferiu não falar pelos colegas da situação. No entanto, sem falar em datas, o vereador disse ter certeza de que o projeto vai ser aprovado. “Cada vereador tem a liberdade de dizer aquilo que ele quer, mas nós estamos dialogando com os vereadores e tenho certeza que nós teremos os votos na ocasião da votação do projeto”, sustentou.

Projeção dos contrários

Apoiados por dezenas de rodoviários nas galerias, vereadores contrários ao projeto também se manifestaram em plenário ou em conversas nos bastidores. Cassiá Carpes (PP) estimou que pode passar de 20 o número de rejeições ao PL do Executivo. O progressista criticou a pressa da Prefeitura na análise do texto. Com quatro nomes, a bancada do PP deve dar três votos “não” à medida, conforme Cassiá.

O vereador Roberto Robaina (PSol) disse esperar que o Paço Municipal não tenha os votos necessários para aprovar a lei. O oposicionista ainda pontuou que, mesmo sem impacto imediato, o projeto pode significar a demissão de muitos cobradores. “Nós estamos em dezembro e o projeto do governo significa a extinção de 3,8 mil postos de trabalho”, afirmou.

Detalhes do projeto

Conforme a Prefeitura, a intenção do projeto é rever de forma escalonada a atuação de cobradores. A redução de efetivo deve se dar primeiro nas linhas cuja viagem tenha se iniciado entre 22h e 4h; além dos domingos, feriados e dias de passe livre. O Executivo garante que nenhum cobrador vai ser demitido e que vai oferecer qualificação profissional gratuita aos interessados que queiram aprender outras funções, preservando os empregos.

Na segunda-feira, rodoviários realizaram uma manifestação nos principais corredores de ônibus da cidade. Uma série de bloqueios paralisou o tráfego nas avenidas Osvaldo Aranha, Protásio Alves, João Pessoa e Farrapos. A categoria se deslocou a partir do Túnel da Conceição, passando pela avenida Mauá e até o Paço Municipal, onde havia um carro de som.