TSE cassa mandato de senadora que relatou PL da prisão em segunda instância

Juíza Selma, que concorreu pelo PSL, ainda pode recorrer ao STF para reverter a decisão

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por 6 votos a 1, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu hoje cassar o mandato da senadora Selma Arruda (Podemos-MT) por abuso de poder econômico e caixa dois nas eleições do ano passado. Conhecida como Juíza Selma, a parlamentar aposentou-se da magistratura e concorreu ao cargo pelo PSL. Mais cedo, ela defendeu, como relatora do projeto de lei do Senado que trata da prisão em segunda instância, que o texto seja encaminhado a plenário nesta quarta, contrariando o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Com a decisão, novas eleições para o cargo devem ser convocadas pela Justiça Eleitoral de Mato Grosso, em data a ser definida. A cassação também atinge o primeiro e o segundo suplentes, Gilberto Possamai e Clerie Fabiana. A parlamentar pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar suspender a cassação.

Em abril, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Mato Grosso cassou o mandato da senadora pela suposta omissão de R$ 1,2 milhão na prestação de contas da campanha do ano passado. Porém, Selma Arruda e os suplentes recorreram ao TSE.

Na terça-feira, ao iniciar o julgamento do recurso da parlamentar, o relator, ministro Og Fernandes, votou pela cassação da chapa por entender que houve diversas irregularidades na campanha, como recebimentos e despesas “por dentro e por fora” que não constaram na contabilidade, além de propaganda e gastos fora do período eleitoral.

Na sessão de hoje, o ministro Luís Felipe Salomão acompanhou o relator e disse que as provas do processo deixaram claro que mais de 70% dos recursos da campanha não tiveram escrituração contábil, obrigatória por lei. Para o ministro, a irregularidade, desequilibrou a disputa com os concorrentes. “São fatos gravosos, entre tantos que foram anexados aos autos”, disse o ministro.

Em seguida, os ministros Tarcísio Vieira, Sergio Banhos, Luís Roberto Barroso, e a presidente, Rosa Weber, também votaram pela cassação.

Ao votar, Barroso disse que há “muitos interesses” na perda do mandato da ex-juíza, mas não são esses os interesses em julgamento pelo TSE. Edson Fachin divergiu da maioria e entendeu que as irregularidades não são suficientes para autorizar a cassação.

No primeiro dia de julgamento, o advogado Gustavo Bonini Guedes, representante da senadora, afirmou que a parlamentar não praticou caixa dois e abuso de poder econômico.

“A senador Selma Arruda foi eleita com base nas plataformas de combate à corrupção, que sempre defendeu como juíza no Mato Grosso, determinado a prisão de presidente da Assembleia Legislativa e ex-governador”, disse a defesa.