Em reunião na noite dessa quarta-feira, o coletivo de cerca de 20 movimentos e entidades que organiza a 23ª edição da Parada Livre de Porto Alegre aceitou a sugestão de que a Prefeitura conste como apoiadora do evento, a fim de que não sejam cobradas taxas de uso do Parque da Redenção. Os shows e a caminhada ocorrem no domingo, a partir das 14h.
Apesar do acerto, a logomarca da Prefeitura não deve ser exposta durante o desfile e nenhum representante municipal deve se manifestar em meio às apresentações, segundo explica o coordenador do Grupo Nuances, Célio Golin. “Mas vamos citar, na hora, que a Prefeitura está nos apoiando”, assegurou. Com isso, o coletivo fica isento de pagar à Secretaria do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) e ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) taxas de R$ 10 mil a R$ 20 mil pela utilização do espaço.
É a segunda vez que a cobrança ocorre mas, no ano passado, a Prefeitura isentou o evento de pagar pelo uso do parque. O impasse, agora, se deu em função da necessidade de patrocínio privado para tirar a programação do papel. Nenhum artista recebe cachê, mas o coletivo precisa arcar com a estrutura de palco, banheiros químicos e sonorização, por exemplo. Desde o início da gestão atual, em 2017, a Parada – assim como outros eventos tradicionais da cidade – deixaram de receber aportes em verba pública. Em 2019, especificamente, a Prefeitura também oficializou a Parada de Luta LGBTI+, que ocorre há 12 anos, em fim de junho, como parte do calendário do Dia do Orgulho LGBTI em Porto Alegre. O cronograma se estendeu por três dias, entre sexta (28) e domingo (30).
Historicamente mais próxima de partidos de esquerda (embora o evento de junho seja capitaneado pelo grupo Desobedeça, ligado ao PSol), a Parada Livre, também incluída no calendário oficial da cidade, em 2018, nunca havia se vinculado a marcas comerciais, o que em 2018 permitiu a isenção legal das taxas de utilização. Desta vez, porém, os grupos declararam, no processo, que marcas comerciais, como a 99, vão apoiar o evento. Conforme a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, legalmente, para isenção de taxas, não é permitido que os patrocinadores ou apoiadores sejam exclusivamente privados, o que gerou a cobrança automática.
Sem vergonha
O tema da Parada Livre deste ano é “Sem vergonha de ser quem somos”. O evento marca também os 50 anos do Levante do bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos – uma das mais conhecidas manifestações do movimento em prol da diversidade sexual e de gênero.
As apresentações, que ocorrem antes e depois de um desfile de trios elétricos no entorno da Redenção, devem se estender até as 22h. Em 2018, o evento reuniu cerca de 80 mil pessoas.