A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou, nesta quarta-feira, o parecer preliminar do relator-geral, deputado Domingos Neto (PSD-CE), sobre a proposta orçamentária para 2020 (PLN 22/19). O texto prevê R$ 3,8 bilhões para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). O valor é R$ 1,8 bilhão superior à proposta de R$ 2 bilhões encaminhada pelo governo.
O relator-geral da proposta orçamentária acatou parcialmente 11 das 66 emendas apresentadas, todas elas para ampliar as atribuições dele na definição prévia do montante a ser gasto. Outras 13 foram declaradas prejudicadas e, das 42 rejeitadas, cinco impediam o relator-geral de elevar as verbas para as eleições municipais de 2020.
Neste ano, o relator-geral pode destinar recursos extras para, por exemplo, reforço de investimentos já incluídos no texto ou novas obras; para redução de danos ambientais, especialmente os decorrentes do vazamento de óleo na costa brasileira; e para subvenções econômicas ligadas à renegociação de dívidas no campo.
O presidente da CMO, senador Marcelo Castro (MDB-PI), ressaltou que essas atribuições do relator-geral servem apenas para facilitar os ajustes no parecer sobre a proposta orçamentária, que, ao final, precisa ser aprovada pelo colegiado e também pelos deputados e senadores em sessão conjunta do Congresso.
Dividendo subestimado
Domingos Neto apresentou o relatório preliminar após a aprovação do parecer do relator da receita, senador Zequinha Marinho (PSC-PA), para quem o repasse de dividendos das empresas estatais havia sido subestimado. Por isso, Marinho elevou em R$ 7 bilhões as receitas da União, abrindo espaço para mais despesas.
Dessa forma, o parecer preliminar reservou um montante pouco superior a R$ 7,2 bilhões para emendas previamente apresentadas por Domingos Neto. A pedido de líderes partidários, uma delas destinou R$ 1,8 bilhão para elevar a R$ 3,8 bilhões a dotação do FEFC. O valor mais que dobra em relação ao total de R$ 1,7 bilhão do pleito de 2018.
Na prática, Domingos Neto retomou o montante previsto para as eleições municipais durante a análise da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – a CMO aprovou R$ 3,7 bilhões na época. Mas, para viabilizar a votação pelo Congresso, esse valor teve de ser suprimido da LDO, deixando a definição para a proposta orçamentária.
Destaque
Na tarde desta quarta, a CMO rejeitou ainda destaque apresentado pelo Novo que pretendia retirar a possibilidade de o relator-geral ampliar o FEFC. Foram 23 votos contrários e 5 favoráveis, de deputados do Novo, do PSL e do PSol. Como não passou na representação da Câmara, o destaque sequer chegou a ser votado pelos senadores.
“Antes roubavam as empresas estatais para pagar campanhas políticas, que agora serão financiadas pela transferência legalizada dos lucros”, disse o líder do Novo na Câmara, deputado Marcel Van Hattem (RS), ao criticar o uso de dinheiro público em campanhas. O Novo quer a extinção do FEFC (PLs 14/19 e 15/19).
Tramitação
Pelo cronograma atualizado da CMO, na próxima semana, até o dia 11, devem ser apresentados ao relator-geral os 16 relatórios setoriais da despesa. A votação do parecer final de Domingos Neto na CMO deve ocorrer até o dia 17. Em seguida, a proposta orçamentária segue para a análise do Congresso.