Em nota, FCDL-RS cita “forte cunho político” em denúncias que deflagraram investigação policial

Agentes cumpriram mandados, nessa manhã. Suposto desvio apontado é de R$ 10 milhões

Foto: Alvaro Grohmann / Especial

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Koch, um dos investigados por suposto desvio de R$ 10 milhões da entidade, emitiu nota, na tarde desta quarta-feira, dizendo haver nas denúncias “forte cunho político”. Segundo ele, houve, inclusive, tentativa de extorsão por parte de um dos denunciantes.

“A situação em que se vê envolvida a FCDL-RS decorre de um embate político instaurado por aqueles que perderam o último pleito eleitoral, aliados a membros opositores da atual diretoria”, cita o texto. A FCDL-RS informou ainda que “não há nenhuma irregularidade ou quaisquer desvios de recursos” e que a entidade teve as contas aprovadas sem nenhuma ressalva. Vitor Koch comanda a representação desde 2006 e exerce o quarto mandato, que termina no fim do ano que vem.

Nesta sexta, policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em um processo envolvendo a atual gestão da federação lojista. A Polícia solicitou a prisão temporária de Vitor Koch, mas teve o pedido negado pela Justiça.

Conforme o delegado Juliano Ferreira, titular da 17ª Delegacia de Polícia, os desvios ocorreram através de emissão de recibos e notas fiscais simulando prestação de serviços não realizados à entidade. “Só em 2014 foram emitidos R$ 700 mil em notas de vinhos. É humanamente impossível consumir tudo isso de vinho”, explicou Ferreira.

A Polícia apreendeu documentos, comprovantes e aparelhos eletrônicos na sede da Federação. Além disso, houve o bloqueio de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas dos investigados e bloqueio de bens móveis e imóveis. Além de Vitor Koch, a Polícia também investiga o empresário Pedro Schneider e os funcionários da FCDL Raquel Garcia, Nick Fraga e Leonardo Neira.

Conforme o delegado, as diligências começaram em outubro de 2018, após uma notícia-crime levada ao Ministério Público por dois vice-presidentes da FCDL. A Polícia Civil levantou os sigilos fiscais e bancários dos investigados e coletou depoimentos de empresários que faziam parte do esquema, a fim de materializar a denúncia.