Gleisi vê “motim judicial” após TRF4 manter condenação e elevar pena de Lula

Ex-presidente teve pena aumentada, nesta quarta-feira, para 17 anos em caso do sítio de Atibaia

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usou o termo “motim judicial” para se referir à decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) de aumentar a pena imposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do sítio de Atibaia – de 12 anos e 11 meses para 17 anos e um mês de reclusão. “É motim judicial? (.) Data maxima venia, banana para a CF (Constituição Federal)”, escreveu Gleisi, em uma rede social. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Petistas ligados à área jurídica não se surpreenderam com a decisão do TRF4. Segundo eles, a 8ª Turma, responsável pelas duas condenações de Lula em segunda instância na Operação Lava Jato (a primeira envolvia o triplex do Guarujá), é área de influência do ministro da Justiça, Sergio Moro. “É uma câmara que sempre foi coordenada pelo Moro e não deixou de ser. Com a decisão de hoje, Moro avança uma casa nas suas atrocidades e arbitrariedades”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos vice-presidentes do PT.

Para o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, as decisões do TRF4 vêm se mostrando “nitidamente politizadas e com interpretações ‘schmittianas’ (referência ao filósofo e jurista alemão Carl Schmitt), utilizando uma dialética ‘amigo x inimigo’ nos seus julgamentos”. “Isso ficou claro nas palavras do desembargador Gebran, quando formulou a tese de que o presidente Lula, por ter apoio popular significativo, merecia um olhar especial da Justiça. O doutor Gebran não é um incauto e com esta posição ele passou uma mensagem política bem clara para o campo político ao qual ele cede a sua preferência. É um argumento de ‘exceção'”, afirmou Tarso.

Ainda conforme o Estadão, desde a véspera do julgamento, petistas já vinham apontando condições diferentes neste julgamento como, por exemplo, a proibição de advogados como Tarso Genro (que não atua no caso) acompanharem a sessão. “TRF4 limita presença no julgamento de Lula (.) Por que o temor?”, questionou Gleisi.