O Cpers Sindicato informou, na noite de hoje, que foram liberados do Hospital de Pronto Socorro (HPS) os 10 trabalhadores ligados à entidade que deram entrada na casa de saúde com ferimentos ou irritação em função de golpes de cassetete e jatos de spray de pimenta, efetuados pela Brigada Militar em meio a uma tentativa de invasão ao Palácio Piratini, na tarde de hoje.
Um dos professores, conforme a assessoria do Cpers, recebeu dois pontos na região da cabeça. A presidente do Sindicato, Helenir Schürer, passou por uma tomografia e se recupera em casa. A reação policial teve início quando parte dos manifestantes derrubou os gradis de segurança, em frente à sede do governo. Nesse momento, o chefe da Casa Civil recebia uma comitiva da entidade, ainda na calçada.
Na noite de hoje, o Comando Estadual de Greve lançou nota oficial culpando o governador Eduardo Leite pelo que chamou de “massacre”. Centenas de professores se reuniam na Praça da Matriz, desde o início da tarde, em protesto contra os projetos de lei que, se aprovados pela Assembleia, podem mudar o Plano de Carreira dos professores, vigente desde 1974, e alterar as regras de contribuição para a aposentadoria.
“O episódio evidencia, por um lado, a aversão ao diálogo por parte do Estado e, por outro, a situação limítrofe em que se encontra a categoria”, avaliou o sindicato. No texto, o Cpers também critica a ausência de Leite no local, o que já havia ocorrido na semana passada, em meio a outra manifestação na Praça da Matriz (veja o texto na íntegra, abaixo). Hoje, o governador cumpria agendas no Ministério da Economia, Tesouro Nacional, Senado e Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
Mais cedo, também em nota, o governo disse que repudia a tentativa de invasão do Palácio Piratini. Segundo o texto, dois policiais ficaram feridos na ação. “A reforma em curso não é contra ninguém. Ela é a favor do futuro de um Estado que convive há décadas com uma crise que assola não apenas os servidores, mas principalmente os 11 milhões de gaúchos que aqui vivem”, cita o texto.
O governo reiterou ainda que está disponível para dialogar a respeito das propostas encaminhadas à Assembleia, “como já vem fazendo desde o início do ano, quando visitou todas as entidades representativas de servidores” (veja, também abaixo, na íntegra, a nota do governo).
Greve continua
Em uma assembleia geral, no início da tarde, os professores decidiram permanecer em greve até que o governo retire os projetos da Assembleia. A paralisação, que teve início na segunda-feira passada, já compromete o funcionamento de mais de 1 mil escolas, conforme o governo, e de mais de 1,5 mil, segundo o sindicato. A rede pública estadual soma 2,5 mil instituições de ensino.
De acordo com o Cpers, mais de 15 mil pessoas se encontraram na Praça da Matriz, na tarde de hoje. Outras categorias se reuniram aos professores a partir da metade da tarde, antes de o protesto se dispersar.
Corte de ponto vai à Justiça
Na semana passada, o governador Eduardo Leite anunciou o corte de ponto dos professores grevistas, com possibilidade de negociar uma compensação para os cinco primeiros dias de paralisação. Para quem continuou em greve, Leite descartou acordo.
Já o Cpers entrou na Justiça contra a medida. O entendimento do sindicato é de que é ilegal cortar o ponto de servidores quando há atraso de salário.
Veja a nota emitida pelo Sindicato
A responsabilidade pelo massacre na Praça da Matriz é do governador Eduardo Leite
Ao término de uma Assembleia Geral histórica, com mais de 15 mil educadores(as) de todo o estado, a Praça da Matriz foi palco de um doloroso episódio de violência contra educadores(as) na tarde desta terça-feira (26).
Lamentamos profundamente o uso de força desproporcional contra manifestantes, incluindo membros da direção central do CPERS e do Comando de Greve, após a derrubada dos gradis que separavam o Piratini do público presente.
Como amplamente documentado em imagens, a comitiva do CPERS visava entregar um ofício ao governo do Estado, solicitando a retirada do pacote da pauta da Assembleia Legislativa.
Projetos estes amplamente rejeitados pelos educadores(as) e que representam a gota d´água de um massacre que já perdura por cinco anos, deflagrando uma das maiores greves dos 74 anos de história do CPERS.
Como na Assembleia Geral do dia 14, quando Eduardo Leite viajou a Nova Iorque, o governador se ausentou novamente neste dia 26. Assim se isentando da responsabilidade de atender a categoria e dar respostas às milhares de pessoas que se deslocaram de todo o Rio Grande do Sul para participar do ato.
Após uma longa e desrespeitosa espera, a comitiva foi recebida pelo chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, fora das portas do Palácio, na calçada.
Após a derrubada do gradil, membros da comitiva se viram espremidos entre a tropa de choque da Brigada Militar e a multidão. Dezenas foram covardemente agredidos com gás de pimenta e cacetetes.
O episódio evidencia, por um lado, a aversão ao diálogo por parte do Estado e, por outro, a situação limítrofe em que se encontra a categoria.
Na última sexta, Eduardo Leite respondeu à justa indignação dos educadores(as) com o corte de ponto de grevistas. Uma medida arbitrária e ilegal. Ontem, publicou um vídeo interpretado como um deboche por professores(as) e funcionários(as) de escola, que não “teriam entendido” seus projetos de destruição da escola pública.
São ações que se seguem a uma escalada de ataques a servidores(as) que já trabalham em condições de miséria, com 47 meses de parcelamento salarial e cinco anos de contracheques congelados.
O governador é o maior responsável pela contínua e inaceitável violência perpetrada pelo Estado contra trabalhadores(as) da educação e os milhões de gaúchos que dependem da escola pública para estudar, sonhar e crescer.
A greve continua, com adesão maciça em todo o estado, mais de 80% da categoria paralisada, amplo apoio das comunidades escolares e a compreensão da sociedade, incluindo mais de 200 moções de apoio de Câmaras Municipais e a histórica manifestação da Famurs, entidade que congrega prefeitos e gestores de todas as 497 cidades gaúchas.
Veja a nota emitida pelo governo
Nota oficial sobre tentativa de invasão do Palácio Piratini na tarde desta terça
O governo do Estado repudia publicamente a lamentável tentativa de invasão do Palácio Piratini por parte de ativistas nesta terça-feira (26/11). No início da tarde, de forma democrática, o governo se dispôs a receber, mais uma vez, uma comissão de representantes do sindicato dos professores que protestavam em frente ao palácio.
Como mostram as imagens do circuito de segurança do Piratini, um grupo de manifestantes derrubou os gradis instalados em frente ao palácio e tentou invadir o local enquanto o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, recepcionava a comissão acima citada. Da agressiva e injustificável ação dos manifestantes restaram dois policiais feridos.
O governo reitera a disposição em dialogar a respeito das propostas encaminhadas à Assembleia, como já vem fazendo desde o início do ano, quando visitou todas as entidades representativas de servidores. Além disso, o pacote de projetos foi apresentado individualmente a cada sindicato, antes mesmo do encaminhamento ao Legislativo.
Atitudes como a verificada na tarde desta terça-feira não ajudam em nada a resolver os problemas do Estado e colocam em risco a integridade física das pessoas envolvidas. A reforma em curso não é contra ninguém. Ela é a favor do futuro de um Estado que convive há décadas com uma crise que assola não apenas os servidores, mas principalmente os 11 milhões de gaúchos que aqui vivem.