Um grupo de servidores – que participou de um protesto do Cpers contra o pacote de medidas do governador Eduardo Leite – tentou invadir o Palácio Piratini, na tarde desta terça-feira. A Brigada Militar respondeu com spray de pimenta, dispersando os manifestantes.
Parte dos professores passou mal e pelo menos dez sindicalistas, incluindo a presidente do Cpers, Helenir Schurer, precisaram de atendimento médico e foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). A dirigente também relata ter recebido um golpe de cassetete. Até o momento, conforme a assessoria do Cpers, pelo menos três membros da direção sofreram lesões. A professora Helenir é submetida a tomografia.
A tentativa de invasão ocorreu quando o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, se aproximou dos manifestantes, na porta do Piratini, para receber um documento oficial do Cpers, ainda na calçada.
Em declarações para o Correio do Povo, a integrante do comando estadual de greve, professora Neiva Lazzarotto, atribuiu o início da confusão à ação de uma pessoa infiltrada, que derrubou uma das grades de segurança.
Perto das 17h, a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre informou que chegaram ao serviço seis pacientes, nenhum deles em estado grave. Os sindicalistas sofreram lesões por cassetete e irritação por gás de pimenta.
Em nota, o governo do Estado disse que repudia a tentativa de invasão do Palácio Piratini. Segundo o texto, dois policiais ficaram feridos na ação. “Atitudes como a verificada na tarde desta terça-feira não ajudam em nada a resolver os problemas do Estado e colocam em risco a integridade física das pessoas envolvidas. A reforma em curso não é contra ninguém. Ela é a favor do futuro de um Estado que convive há décadas com uma crise que assola não apenas os servidores, mas principalmente os 11 milhões de gaúchos que aqui vivem”, cita a nota.
O governo reiterou ainda que está disponível para dialogar a respeito das propostas encaminhadas à Assembleia, “como já vem fazendo desde o início do ano, quando visitou todas as entidades representativas de servidores. Além disso, o pacote de projetos foi apresentado individualmente a cada sindicato, antes mesmo do encaminhamento ao Legislativo”.
Greve continua
Centenas de manifestantes ligados ao Cpers se reuniam desde o início da tarde na Praça da Matriz para protestar contra o pacote do governo que altera regras de aposentadoria e planos de carreira do funcionalismo. Em uma assembleia geral, os professores decidiram permanecer em greve até que o governo retire os projetos da Assembleia.
De acordo com o Sindicato, de 15 mil a 20 mil pessoas se encontraram no local. Outras categorias se reuniram aos professores a partir da metade da tarde, antes de o protesto se dispersar.
Corte de ponto vai à Justiça
Na semana passada, o governador Eduardo Leite anunciou o corte de ponto dos professores grevistas, com possibilidade de negociar uma compensação para os cinco primeiros dias de paralisação. Para quem continuou em greve, Leite descartou acordo.
Já o Cpers entrou na Justiça contra a medida. O entendimento do sindicato é de que é ilegal cortar o ponto de servidores quando há atraso de salário.