Servidores públicos estaduais de diferentes categorias decidiram nesta terça-feira pelo início de uma greve por tempo indeterminado. A paralisação é motivada pela tramitação do pacote do governo Eduardo Leite que prevê mudanças na carreira do funcionalismo. Conforme as categorias, a greve também ocorre em função do parcelamento recorrente de salários, que já chega a 48 meses, aliada à falta de reposição salarial. Nesta terça-feira, às 16h, todas as categorias farão um ato unificado na Praça da Matriz.
Se unem ao magistério, em greve há uma semana, funcionários vinculados ao Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (SINDSEPERS), Sindicato dos Servidores da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul (SINDICAIXA), Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (SINTERGS), Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (AfagroRS), Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos da Secretaria de Obras, Públicas, Irrigação e Desenvolvimento (Seasop), Associação dos Servidores de Ciência Agrárias RS (Assagra), além da Frente dos Servidores Públicos, que inclui outras categorias.
O presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, acredita que a mobilização será maciça devido ao desespero dos servidores com o pacote de medidas apresentada pelo executivo. “Com certeza será a maior greve da história do serviço público desse estado. Há um misto de desespero e indignação dos servidores públicos que não tem mais como aguentar o atraso de salários. O governador rasga todos os seus discursos porque ele não cumpre com a palavra de pagar os salários até o final de 2019. Ele sempre disse que era um homem de diálogo e ontem ameaçou os servidores mandando correspondências para os sindicatos dizendo que vai cortar o ponto. Uma coisa que sequer ele discutiu com os trabalhadores sem respeitar o direito de greve. Uma mais uma coisa, que é muito importante, nós estamos contando com o apoio da população”, afirma.
O funcionalismo teme as repercussões do pacote apresentado pelo governo à Assembleia Legislativa. A mais profunda reforma das carreiras do serviço público estadual extingue avanços temporais, adicionais e gratificações por tempo de serviço fazendo, ainda, adequações às normas da Reforma da Previdência nacional.
Contra pacote de Eduardo Leite, servidores estaduais lotam auditório do hotel Everest. Assembleia unitária irá confirmar início de greve por tempo indeterminado @RdGuaibaOficial pic.twitter.com/qNksJbwgsa
— Guilherme Kepler (@GuilhermeKepler) November 26, 2019
Pacote
Caso as oito medidas sejam aprovadas – são seis projetos de lei, um projeto de lei complementar e uma Proposta de Emenda à Constituição – a economia prevista nos próximos 10 anos é de R$ 25,4 bilhões. A maioria dos textos foi encaminhada à Assembleia com regime de urgência, exceto a PEC, em função da legislação.
Ao apresentar as mudanças, Leite reconheceu que elas “não são simpáticas”, mas defendeu que são necessárias. Ele citou a alteração das alíquotas da previdência e da base de cálculo como as que talvez tenham maior resistência e defendeu que “expectativa de direito não é direito adquirido”.