A Polícia Civil de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, trabalha para elucidar a suspeita de que um médium, de 64 anos, que atua no município, tenha cometido abuso sexual. A investigação começou quando frequentadoras procuraram a delegacia para relatar gestos invasivos, beijos forçados e convites inapropriados durante os atendimentos nas sessões. Durante a apuração dos fatos, a polícia levantou ainda uma suspeita de que o homem tenha executado procedimentos médicos ilegais, o que deve ser verificado no curso da investigação.
Em uma das etapas, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão no centro espírita, em 11 de novembro. Antes disso, no entanto, os funcionários já haviam removido a placa de identificação do local e desmontado parte da estrutura. Foram encontrados medicamentos e utensílios médicos na casa, dentre eles kits de sutura, remédios de uso restrito a hospitais, analgésicos, seringas e anestésicos injetáveis. A suspeita da polícia é de que o homem realize as chamadas cirurgias espirituais, que consistem em pequenos cortes e incisões supostamente indolores.
Denúncia
A investigação teve início no mês de outubro, quando uma das vítimas realizou a denúncia. Depois disso, outras surgiram, envolvendo o médium. O inquérito policial trata de suposto exercício ilegal da medicina e importunação sexual. Convocado a depor, o líder espiritual, acompanhado pelo advogado, preferiu não se manifestar.
O acusado – natural de Canoas – vinha atuando duas vezes por semana no centro espírita de Venâncio Aires. A Polícia não divulga o nome, já que ainda não houve o indiciamento. De acordo com o delegado Felipe Staub Cano, ainda não houve um pedido de prisão preventiva porque o suspeito não oferece perigo à sociedade nem atrapalha a investigação. O delegado Vinicius Assunção informou que o inquérito vem sendo instruído conforme as evidências vão surgindo.
Funcionários do centro espírita também foram chamados a prestar depoimento. O delegado Felipe Cano não soube precisar há quanto tempo o médium atendia em Venâncio Aires, mas afirmou que o centro já teve outros responsáveis antes dele. O próximo passo da investigação, de acordo com ele, é localizar mais vítimas que falem oficialmente.
A direção do Centro Espírita Caridade emitiu nota onde esclarece que desde 9 de outubro não atende mais no endereço onde por 17 anos o suspeito prestou serviço voluntário. Também informou que um novo local está sendo preparado e que os atendimentos devem ser retomados em janeiro.
Confira na íntegra a nota do centro espírita:
“A Diretoria do Centro Espirita Caridade de Venâncio Aires, vem esclarecer os fatos abaixo:
Desde o dia 9 de outubro de 2019 não estamos mais atendendo na rua Voluntários da Pátria, 466, em Venâncio Aires. O motivo foi o fato de um de nossos atendentes, um médium que por 17 anos prestou atendimento voluntário no nosso centro, estar cometendo procedimentos ilegais e tendo comportamento inaceitável aos propósitos de um centro espirita. Por termos questionado sua conduta, este agiu de má fé, nos obrigando a abandonar nossa sede e buscar um novo endereço, o qual está sendo preparado para os atendimentos, sem distinção, sempre com respeito e conduta moral, praticando a caridade segundo o que rege o nosso estatuto.”