O ministro do governo interino da Bolívia, Arturo Murillo, divulgou, nesta quarta-feira, um áudio que atribuiu a Evo Morales no qual ele, supostamente, dá instruções para que apoiadores sigam com bloqueios nas estradas do país para impedir a distribuição de alimentos e combustíveis. O ministro afirmou que vai entrar com uma representação internacional contra Morales por crimes contra a humanidade.
No material apresentado, o ex-presidente, hoje asilado no México, supostamente orienta Faustino Yucra Yacri – que segundo o ministro é ligado ao narcotráfico – a manter o cerco e o bloqueio de estradas, e derrotar o “golpe de Estado racista e fascista”. “Irmãos, não deixem que entre comida nas cidades, vamos fazer um cerco às cidades… Agora estamos vivendo na ditadura, esta é a ditadura. Alguns não entendem (o que é a ditadura), mas agora as pessoas vão ver o que é viver a ditadura com o golpe de Estado. Estou pensando, e quero que saibam que, se a Assembleia (Legislativa) amanhã ou depois rejeitar a minha renúncia, tentarei voltar, irmão, mesmo que me prendam, lutaremos muito contra os racistas e fascistas”, prega a pessoa gravada – que, segundo Murillo, é Morales. Ainda não há informações sobre a perícia do conteúdo divulgado.
O ministro afirmou que vai denunciar o ex-presidente, mas não precisou a qual organismo internacional pretende recorrer. “Evo Morales ordena que não entre comida nas cidades, isso é um crime contra a humanidade. Não pode ser assim, os bolivianos acreditaram nele, 70% dos bolivianos votaram nele e hoje em dia [ele] ordena que matem de fome o seu povo”, disse.
Explosão na YPFB
Murillo também comentou um ataque realizado, na terça-feira, à empresa pública de petróleo YPFB. Caminhões foram atacados ao deixarem a planta de gás da empresa rumo à capital La Paz. O objetivo era evitar abastecer a região. Grupos de manifestantes também dinamitaram os muros da empresa, atearam fogo a veículos e tentaram invadir o local. De acordo com o ministro, o plano era explodir toda a planta da empresa YPFB.
Segundo ele, a Polícia e as Forças Armadas evitaram uma tragédia maior. “Este é o Evo Morales. Enquanto as pessoas se matam nas estradas e se matam entre si, ele está ordenando que não entre comida e que sufoquem as cidades. Não, senhores. Não vamos permitir isso. Entraremos com uma denúncia. Pedimos a Don Evo Morales que pare de incitar”, disse o ministro.