Uma exposição que trata do racismo no Brasil virou motivo de bate-boca, na tarde desta terça-feira, na Câmara Federal. O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou da parede da exposição uma imagem em que aparecia um policial, de arma na mão, e um rapaz negro estendido no chão, com a camisa do Brasil e algemado. No cartaz, lia-se a frase “O genocídio da população negra”.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o ato do deputado provocou reação imediata de deputados presentes na Casa. Houve bate-boca na saída da exposição e gritos de “racista” em direção a Tadeu. “Ele não suportou uma exposição que registra a presença negra na história do Brasil nos diversos campos. E veio aqui e arrancou parte da exposição, onde havia a denúncia de um genocídio negro no Brasil”, afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “Ele arrancou tudo, destruiu tudo e cometeu o crime de racismo e quebra de decoro”, acrescentou.
Jandira e outros parlamentares, como a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), prometeram levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara. Desde o início do dia, a imagem arrancada por Tadeu vinha causando desconforto aos deputados da chamada “bancada da bala”. Mais cedo, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) já havia encaminhado ao presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um pedido para a retirada do cartaz. “Conforme se verifica do conteúdo da imagem, há a absurda atribuição da responsabilidade pelo genocídio da população negra aos policiais militares, prestando-se, assim, verdadeiro desserviço junto à população que trafega pelas dependências da Câmara, retratando negativamente o salutar papel dos policiais militares para a manutenção da ordem pública no nosso País”, disse Augusto, no pedido a Maia.
Mais tarde, o parlamentar postou um vídeo no Twitter esclarecendo a posição no caso. No vídeo, ele disse que policiais são “guardiões da sociedade” e repudiou a associação de militares ao genocídio negro no Brasil. “Policiais não são assassinos. Policiais são guardiões da sociedade, sinto orgulho de ter 600 mil profissionais trabalhando pela segurança de 240 milhões de brasileiros”, escreveu.
O deputado é presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública e da Comissão de Segurança Pública. Após arrancar o cartaz, o coronel Tadeu voltou a criticou a imagem. “Colocar a PM como responsável pelo genocídio é inaceitável”, afirmou, em declarações para o Estadão.