O desmatamento na Amazônia subiu 29,5% entre 1º de agosto do ano passado e 31 de julho, na comparação com os 12 meses anteriores, atingindo a marca de 9.762 km². É a mais alta taxa desde 2008. Em 22 anos, esse também é, porcentualmente, o maior salto de um ano para o outro. Entre agosto de 2017 e julho de 2018 o corte raso da floresta tinha atingido 7.536 km². A taxa ficou pelo menos 1.500 km² acima da tendência de aumento do desmatamento que vinha sendo observada a partir de 2012.
Essa é a análise preliminar do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), o sistema do Inpe que fornece a taxa oficial anual de desmatamento da Amazônia.
Os dados foram divulgados na manhã desta segunda-feira, na sede do Inpe, pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Havia uma grande expectativa em torno desses números depois de vários indicadores apontarem que o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro reaqueceu o avanço da motosserra sobre a floresta.
O principal deles é o Deter – outro sistema do Inpe de análise de imagens de satélite e que fornece dados em tempo real a fim de orientar a fiscalização -, que havia indicado para uma alta de quase 50% no desmatamento no período, na comparação com os 12 meses anteriores. Os alertas do Deter mostraram uma perda de 6.840 km² de floresta neste intervalo, ante 4.571 km² entre agosto de 2017 e julho de 2018.
Crise
Esses números vinham sendo desacreditados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desde o início do ano, e desencadearam uma crise no governo no final de julho, quando o presidente Jair Bolsonaro, em um café da manhã com a imprensa estrangeira, disse que os dados eram mentirosos e insinuou que o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, agia “a serviço de alguma ONG”.
O que disse Salles
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse em entrevista coletiva sobre os números que o governo vai adotar uma série de medidas para combater o desmatamento, incluindo intensificação dos esforços de fiscalização com a utilização de imagens de satélite de alta resolução.
Salles disse que vai se reunir com governadores dos Estados amazônicos na quarta-feira para discutir formas de enfrentar o desmatamento. De acordo com ele, uma nova estratégia é necessária, e é importante desenvolver oportunidades econômicas sustentáveis na região.
Segundo o ministro, o desmatamento é causado principalmente por atividades econômicas ilegais na região, como garimpo, extração de madeira e ocupação do solo, que acontecem há muito tempo.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e é considerada fundamental para o combate às mudanças climáticas devido à grande quantidade de dióxido de carbono que absorve.
A evolução do desmatamento da Amazônia:
– De 2012 para 2013, a alta foi de 28,9%
– De 2013 para 2014, houve queda de 14,9%
– De 2014 para 2015, o desmatamento voltou a subir: 23,8%
– De 2015 para 2016, nova alta, de 27,7%
– De 2016 para 2017, houve um recuo de 11,9%
– De 2017 para 2018, a taxa voltou a crescer: 8,5%