Presidente interina da Bolívia promete eleições o mais rápido possível

Jeanine Áñez removeu cúpula militar e apresentou novos comandantes

Foto: Reprodução/Facebook

A autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou nesta quarta-feira, que, além de convocar eleições, vai buscar revogar a decisão constitucional de novembro de 2017 que permitiu a Evo Morales disputar o quarto mandato.

Jeanine garantiu um processo eleitoral limpo e transparente, do qual “todos os cidadãos que atendem aos requisitos constitucionais” possam participar. A presidente interina pediu a todos os funcionários do estado que retornem imediatamente às funções, para que o país comece a voltar à normalidade.

Em entrevista coletiva, a senadora de oposição afirmou, ainda, que assumiu a Presidência da Bolívia após consultar o Tribunal Constitucional Plurinacional e depois que as Forças Armadas e a Polícia concordaram com o procedimento.

Jeanine disse que o mandato que exerce é totalmente legal. O México, que aceitou o pedido de asilo do ex-presidente Evo Morales, que renunciou no domingo, não reconhece a senadora como presidente boliviana, ao contrário do Brasil.

Cúpula militar removida

Também hoje a presidente interina mudou a cúpula militar e indicou os novos comandantes das Forças Armadas da Bolívia. Em cerimônia realizada no Palácio Queimado – sede do governo que Morales não tinha costume de usar – ela apresentou o general de Exército Carlos Orellana como novo comandante das Forças Armadas, e os novos chefes do Exército, da Marinha e da Força Aérea.

Câmara e Senado discutem situação

A Câmara dos Deputados iniciou, na tarde de hoje, sessão especial solicitada pela oposição para tratar da situação institucional na Bolívia.

A sessão é realizada a pedido de vários blocos partidários oposicionistas, que dizem repudiar o “golpe de Estado” na Bolívia e defendem “uma saída democrática” para a situação do país.

O Senado também abriu uma sessão especial para debater o tema, com o quórum justo.

Ontem, Jeanine Áñez, da Unidade Democrática, declarou-se presidente da Bolívia em uma sessão em que não havia quórum. A bancada do MAS, partido liderado pelo ex-presidente Evo Morales, não compareceu ao Congresso, alegando falta de segurança.

Além de Morales, renunciaram aos cargos o vice-presidente Álvaro García Linera, que também seguiu para o asilo político no México, os presidentes do Senado e da Câmara e o primeiro vice-presidente do Senado. Como segunda vice-presidente da Casa, Jeanine Áñez entendeu que cabia a ela assumir o posto deixado vago.