O Ministério Público em Soledade denunciou hoje um ex-chefe do grupo de escoteiros de Fontoura Xavier, no Norte gaúcho. O homem é apontado pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude.
Conforme a denúncia, assinada pelo promotor Bill Jerônimo Scherer, 14 crianças e adolescentes foram vítimas do agressor, entre 2009 e 2014. Para cada violação sexual, ele pode ser punido com dois a seis anos de prisão e, para cada estupro, com pena de oito a 15 anos, se condenado. Parte dos jovens relatou ter sido vítima dos dois crimes, diversas vezes.
Segundo as investigações, o denunciado se valia do cargo de chefia para intimidar as vítimas e mentir. A denúncia relata que ele recorria a misticismo, elementos ligados a poder econômico e amizade hipotética com autoridades policiais para constranger as crianças e adolescentes a praticarem ou permitirem as agressões. Além disso, convencia as vítimas a não contarem sobre os abusos, alegando que eram “observadas” a todo momento.
O promotor também salienta que o homem dizia sofrer de câncer e precisar do sêmen dos adolescentes para se curar. De acordo com a representação, durante um acampamento, o homem praticou sexo com um menino de 14 anos, que dormia. A vítima havia permitido a presença do ex-chefe na barraca porque, mais cedo, ele havia contado uma história de terror e prometido proteger o menor de uma entidade que queria “incorporar” em um dos escoteiros durante a madrugada.
O MP cita, ainda, que o homem montou, em mais de uma residência, um aparato de entretenimento, com jogos, videogames, notebooks e aparelhos de DVD como forma de atrair as vítimas, além de distribuir presentes, jantares, viagens e até promessas de custeio de cursos em universidades.
Em cumprimento de um mandado de busca e apreensão em uma das casas do denunciado, policiais encontraram um notebook com mais de 500 imagens de pornografia, parte delas envolvendo adolescentes.