A realização de cursos profissionalizantes para que os cobradores de ônibus de Porto Alegre assumam outras funções é uma das propostas defendidas pelo vereador Mauro Pinheiro (Rede), líder do governo na Câmara de Vereadores, com relação ao projeto de retirada dos profissionais do transporte coletivo, que gerou protesto da categoria, nessa manhã, no Centro da cidade. Pinheiro informou que o governo negocia para que a proposta seja construída junto com as empresas do setor.
“Temos acompanhado no mundo inteiro que a função de cobrador vai se extinguindo com o passar do tempo pela falta de necessidade”, explicou. Segundo Pinheiro, os valores das passagens subiram muito e por isso é preciso buscar formas de diminuir esses valores.
Conforme o vereador, o transporte coletivo passa por um momento difícil, principalmente, com a entrada dos aplicativos e de outros modais de transporte que reduziram o número de passageiros de ônibus. “Se nada for feito, nós teremos um valor da passagem muito alto em 2020, e com isso inviabilizando o sistema de transporte coletivo cada vez mais”, acrescentou.
Mauro Pinheiro informou que o projeto tramita em regime de urgência e deve ser votado no mês de dezembro. No dia 2, uma audiência pública ocorre no Legislativo municipal para debater o projeto.
O vereador Paulinho Motorista (PSB) é contrário à medida. “É uma proposta que vai gerar mais desemprego em Porto Alegre. Esse projeto não pode passar porque queremos os nossos cobradores trabalhando para o resto da vida nos ônibus”, explicou o vereador, que durante 24 anos, atuou como motorista do transporte coletivo.
Segundo o vereador, desde que o prefeito Nelson Marchezan Jr. assumiu, a intenção é tirar os cobradores. “Esse projeto vai atingir 3,5 mil profissionais e a vida de aproximadamente 15 mil pessoas”, ressaltou.
Apresentado ainda em 2017, o texto prevê que a tripulação do sistema do transporte coletivo possa sofrer redução gradativa, com a exclusão dos cobradores, nas seguintes hipóteses: rescisão do contrato de trabalho por iniciativa do cobrador; despedida por justa causa; aposentadoria; falecimento do empregado; interrupção ou suspensão do contrato de trabalho; na prestação do serviço de transporte coletivo por ônibus cuja viagem tenha iniciado entre as 22h e 4h; na prestação do serviço em domingos, feriados e dias de passe livre.
Na justificativa ao projeto, o prefeito Marchezan Jr. defende que a operação do transporte coletivo por ônibus migre, gradativamente, para um modelo em que a cobrança da tarifa seja feita de forma automatizada.