Cerca de 20 apoiadores do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, deixaram a Embaixada do país em Brasília após negociarem com representantes do governo de Nicolás Maduro. Depois de discussões e até mesmo troca de socos, os manifestantes saíram do prédio pelos fundos, no fim da tarde. Foram mais de 12 horas de invasão. O Ministério da Relações Exteriores garantiu a saída do grupo em segurança e sem punições, como prisão ou detenção policial.
No local, o coordenador de Privilégios e Imunidades do Itamaraty, Maurício Corrêia, negociou a saída com o ministro conselheiro acreditado pelo Brasil, Tomas Silva, representante de Guaidó. A manifestação do presidente Jair Bolsonaro, repudiando a interferência, e a pressão de partidos de esquerda contra a ocupação foram apontados como determinantes para a resolução do impasse: ainda de manhã, por meio de nota do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Bolsonaro disse que não sabia e não havia incentivado a invasão.
Apesar de o governo não apoiar o movimento, um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), divulgou em redes sociais um vídeo de um diplomata pró-Guaidó dentro da embaixada. De tarde, uma ambulância entrou no prédio para resgatar uma jovem de 25 anos que passou mal.
Os representantes do opositor ao regime chavista entraram no local, na madrugada desta quarta, horas antes do início das atividades da 11ª Cúpula do BRICS, que reúne economias emergentes: Brasil, China, Índia, China e África do Sul. Desses países, só o Brasil reconhece Guaidó como presidente da Venezuela.
Segundo um comunicado do grupo, funcionários da embaixada decidiram abrir as portas, entregar as chaves voluntariamente e reconhecer Guaidó como legítimo presidente. É a primeira vez que os ativistas conseguem entrar na sede diplomática de Brasília, ainda controlada pelo chavistas, desde que Bolsonaro aceitou as credenciais da equipe de Guaidó, no início do ano.