A possibilidade de privatização da Trensurb pautou audiência pública realizada, na tarde desta quinta-feira, na Assembleia Legislativa. Parlamentares contrários à venda da empresa estatal convocaram o encontro, que teve a presença de sindicalistas, representantes dos governos estadual e do município de Porto Alegre, além de diretores da empresa.
O processo de privatização da Trensurb não chegou a ser aberto, mas a empresa é um dos alvos do pacote do governo federal que pretende enxugar a máquina estatal.
O presidente do Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul (Sindimetrô/RS), Luís Henrique Chagas, disse ter uma perspectiva bastante pessimista caso a privatização da empresa seja confirmada. Na avaliação dele, o processo de entrega do transporte público à iniciativa privada é um caminho que vem sendo abandonado em outros países. “Todos os lugares do mundo que privatizaram o serviço de transporte estão retornando para o modelo estatal”, relatou. O sindicalista defende ainda que o país mantenha o modelo público e teme que o serviço fique mais caro e tenha qualidade pior caso passe à iniciativa privada.
Superintendente de Desenvolvimento e Expansão da Trensurb, José Cláudio da Silva Sicco, disse que a decisão cabe aos gestores em Brasília, mas frisou que há projetos de melhoria do serviço em desenvolvimento. “Temos vários projetos para melhorar o serviço oferecido aos passageiros, o que que acontece a nível de governo federal é decisão do Ministério Desenvolvimento Regional.”
Um dos proponentes da audiência pública, o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT), é um duro crítico da privatização do Trensurb. Sem descartar a possibilidade de Parcerias Público Privadas (PPPs), ele alertou que a entrega total do serviço ao setor privado pode complicar a vida do usuário. Outro ponto apontado pelo parlamentar é a falta de um plano por parte do governo sobre o futuro da empresa. “Qual o plano exatamente do governo para privatização, já fizemos uma audiência pública em Brasília e ficou demonstrado o interesse em fazer a privatização? Então nós precisamos levar esses dados à população, porque no mundo as experiências de privatização todas elas estão sendo revistas”, ponderou. Os presentes também demonstraram preocupação com o impacto no trânsito com o futuro incerto do trem metropolitano.
