Após prisão de vereador, polícia quer descobrir caminho do dinheiro de empréstimos consignado

Vereador André Carús (MDB) será ouvido pela polícia na tarde desta terça-feira

Polícia Civil esteve no gabinete do vereador André Carús na manhã desta terça | Foto: Guilherme Almeida / CP

O vereador de Porto Alegre, André Carús (MDB), alvo da operação Argentários deflagrada na manhã desta terça-feira será ouvido nesta tarde. O parlamentar, juntamente com outros dois servidores de cargo em comissão foram presos temporariamente. A detenção tem validade por cinco dias podendo ser prorrogada pelo mesmo período. Os investigadores podem ainda solicitar a prisão preventiva ficando a cargo do judiciário o seu deferimento.

De acordo com o delegado responsável pela investigação, Max Otto Ritter, todas as pessoas que trabalham no gabinete de Carús serão ouvidas pela polícia. O investigador explicou que a partir da apreensão de documentos é que a Polícia Civil terá a oportunidade de verificar como funcionava o esquema dos empréstimos. “Primeiramente, nós realizamos essas prisões, incluindo a de um agente político, e estas pessoas estão na condição de investigados. É uma ação que não termina aqui porque teremos desdobramentos e agora vamos nos debruçar no material que foi apreendido para saber o “caminho do dinheiro” e quem são as pessoas que se valiam destes empréstimos”, explicou.

A ofensiva marcou o início das atividades da Divisão Estadual de Combate à Corrupção e de sua 1ª Delegacia de Polícia de Combate à Corrupção – 1ª DECOR. Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisões temporárias. Todos os mandados executados na Capital. A operação contou com a participação de 63 policiais civis, entre agentes de delegados, em 16 viaturas policiais.

Foram feitas varreduras na sede do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), Departamento de Água e Esgotos (Dmae), seis residências, além do gabinete de André Carús na Câmara de Vereadores da Capital.

Durante as buscas, foram apreendidos R$ 60 mil, 3,8 mil dólares, 1.765 libras e 2.605 euros, além de duas armas encontradas nas instituição financeira envolvida no esquema. Diversos documentos e CPUs de computadores também foram apreendidos.

Como começou a investigação

A investigação teve início em agosto de 2019, a partir de denúncias formalizadas junto à Delegacia Especializada, dando conta de que servidores públicos municipais lotados em Gabinete do vereador estariam sendo obrigados a contrair empréstimos junto à certa instituição financeira, com o intuito de saldar dívidas pessoais alegadamente contraídas pelo agente político. Estima-se que os valores tomados de empréstimos por servidores do gabinete superaria a cifra de R$ 300 mil.

Questionado sobre o comportamento de André Carús no momento da prisão, Ritter descreveu o vereador como calmo e solícito. “Ele disse que gostaria de colaborar, mas se disse vítima. Ele afirmou ainda que forneceria todos os elementos para a apuração dos fatos”, completou. O delegado ainda comentou que as supostas ameaças sofridas por Carús serão investigadas. “Exatamente por isso não vamos declinar aqui tudo, porque temos a consciência de que outras pessoas estão nos ouvindo. Se houver a confirmação destas as ameaças, nós iremos atrás das pessoas responsáveis”, garantiu.

Defesa

O criminalista Jader Marques, que está retornando de viagem ao exterior, será o responsável pela defesa do vereador André Carús. O advogado afirma que o escritório busca o acesso ao material que embasou a prisão. O criminalista ressalta que seu cliente tem total interesse em contribuir com os esclarecimentos dos fatos à autoridade policial. Marques diz ainda que as acusações serão refutadas uma a uma, assim como será demonstrada a desnecessidade da medida extrema adotada.