Pacote anticrime: grupo da Câmara rejeita ampliar excludente de ilicitude

Proposta prevê que juízes possam reduzir ou deixar de aplicar pena a agentes de segurança que agirem com “excesso” motivado por “medo, surpresa ou violenta emoção”

Policiais civis fortemente armados atuaram na primeira etapa da ação que exigiu arrombamento das portas de imóveis ocupados pelos bandidos | Foto: Alina Souza/ CP

O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o pacote anticrime proposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, rejeitou hoje, por nove votos a cinco, a ampliação do conceito de excludente de ilicitude, previsto no Código Penal.

A proposta do governo federal prevê que juízes possam reduzir pela metade ou mesmo deixar de aplicar a pena para agentes de segurança pública que agirem com “excesso” motivado por “medo, surpresa ou violenta emoção”.

O Código Penal, no artigo 23, estabelece a exclusão de ilicitude em três casos: no estrito cumprimento de dever legal, em legítima defesa e em estado de necessidade. A lei atual também prevê que quem pratica esses atos pode ser punido se cometer excessos.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que pretende levar diretamente ao plenário o relatório final que for aprovado pelo colegiado.

Caso Ágatha reacendeu polêmica

A polêmica em torno da questão voltou à tona após o assassinato da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, baleada no interior de um automóvel no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na semana passada.

Familiares acusaram policiais de terem efetuado o disparo. No fim de semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que cabia tratar a questão do excludente de ilicitude com “cuidado e critério”. Na terça-feira, afirmou que a medida é “um instrumento perigoso”.

Votaram a favor da derrubada da excludente de ilicitude:

Fábio Trad (PSD-MS), Gilberto Abramo (Republicanos-MG), Hildo Rocha (MDB-MA), Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), Marcelo Freixo (Psol-RJ), Margarete Coelho (PP-PI), Orlando Silva (PCdoB-SP), Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) e Paulo Teixeira (PT-SP).

Votaram contra:

Adriana Ventura (Novo-SP), João Campos (Republicanos-GO), Subtenente Gonzaga (PDT-MG), Coronel Chrisóstomo (PSL-RO) e o relator, Capitão Augusto (PL-SP).